Quando alguém resolve eliminar alguns contactos da sua lista/agenda telefónica e um dia recebe uma mensagem ou um toque ou uma chamada e não reconhece o número, este é o argumento recorrentemente usado.
“Não, a sério! Troquei mesmo!”. Eu adoro quando me dizem isto, especialmente quando sei que estão em algum lugar recôndito de férias e não há lojas de telemóveis por perto e da última vez que nos vimos – poucos dias antes da partida - o telemóvel era o mesmo de sempre, ou quando “compram telemóveis” com uma frequência superior que aquela com que eu corto o cabelo...
Seja porque no fundo nunca se percebeu o porquê de ter o número da pessoa em causa, seja porque daquela vez se chatearam e, num acesso de raiva, quem pagou foi o número, seja porque ele ou ela agora namora ou porque não quer exactamente o que se pretende ou vice-versa, seja porque se usou o número apenas uma vez para pedir algum favor e depois nem se gravou…seja porque razão for, a verdade é que muitos números são apagados em muitos telemóveis.
Eu já apaguei vários. Não foi por estar de cabeça quente, foi mesmo por achar que as pessoas donas dos números não justificam ocupar um lugar na minha lista telefónica.
(Tenho mau feitio e muito orgulho nele…)
Esses números apagados são números que não me interessam, não os pretendo ter, não me arrependo de os eliminar e não me passa pela cabeça recuperar qualquer um deles.
(Embora, não sendo orgulhoso, não negue uma segunda oportunidade quando esta é pedida. Terceiras é que são raras, para não dizer praticamente inexistentes.)
E não costumo usar a desculpa do telemóvel novo. Até porque é estúpida!
Lá porque se compra um telemóvel novo não significa que não se passem os números para o antigo. Mesmo que dê a preguiça, basta mudar o cartão de aparelho e verificar se está na agenda antiga.
Eu, infelizmente não tenho muita sorte com os engenhos em causa.
Há uns três ou quatro anos, resolvi começar a transportar dois telemóveis, um de uma rede vermelha e outro de uma rede azul, algo engraçado quando me lembro que o meu primeiro número “não oficial” era laranja.
Cada um desses cartões estava confortavelmente aninhado no seu Nokia.
Tinha um 7650 e uma Ngage.
Ora, agora começa a minha triste sina.
O 7650 servia como agenda de contactos global, quer da família, amigos e conhecidos, quer de colegas ou contactos de trabalho. Assim como quem não quer a coisa, a agenda contava praticamente 800 entradas.
Como sou um rapaz com muita paciência para andar a passar números de um lado para o outro, decidi mandar a agenda por Bluetooth, esse milagre sem fios e sem custos. Devo referir que só dá para enviar contacto a contacto.
Ora, estava a chegar à letra D, quando o belo 7650 padeceu de doença súbita.
Depois de enviado para a loja, soube que era, nada mais, nada menos, que Alzheimer e tinha sido de acção imediata.
Resultado: memória apagada e varrida!
Lá começou a dança do “oi, quem és? O meu telefone morreu e tou sem agenda”.
Algumas pessoas, ofendidas, nem responderam.
Mais tarde, já tinha eu passado os contactos quase até ao D da Ngage para o 7650, foi a vez da Ngage ter um chilique. Talvez por isso eu diga A Ngage e não O Ngage. É que o chilique é algo tipicamente feminino. (piadinha machista perfeitamente escusada)
Resumindo, ataque fatal após ataque fatal, o 7650 teve um AVC e já não se encontra entre nós, enquanto a Ngage se encontra internada de momento.
Mais uma vez, é uma agenda que vai à vida, mas há algo bem positivo a retirar destes tristes acontecimentos: a selecção. Só recuperamos os contactos das pessoas que realmente interessam.
Os outros…bem…de arranjo em arranjo nós vamos acabando por nos livrar de quem não passa de um mero registo na memória do telemóvel…
FOI PROFUNDO!
Sem comentários:
Enviar um comentário