quarta-feira, dezembro 21, 2011

Sindicato Five

Esta semana apareceu uma reportagem interessante sobre Mário Nogueira e, de seguida, vários foram os comentários, muitos deles grátis, via Facebook, outros, na comunicação social, bem pagos.

Um dos comentadores foi Camilo Lourenço, um fenómeno nacional como se pode ver no seu blogue. Não costumo concordar com as ideias do senhor, é muito técnico, é o típico homem que vê as coisas do topo, não se chega onde pode sujar as mãos ou apanhar poeira nos sapatinhos engraxados.
Entre cursos que abordam o direito, o jornalismo e a economia, é professor universitário e comenta tudo, desde bola a economia, até educação e sindicalismo, falta-lhe, por certo, auxiliar Teresa Guilherme ou Júlia Pinheiro nas apreciações aos participantes nos maravilhosos reality shows que a TV portuguesa tem oferecido.

Finda esta pequena alfinetada nessa raça que são os comentadores pagos (digo pagos para legitimar a minha mania de mandar constantemente o bitaite de forma gratuíta), venha o homem do bigode.

A minha vida cruzou-se com Mário Nogueira em 2002/2003, quando tive oportunidade de o entrevistar diversas vezes e em diferentes ocasiões: como sindicalista, como militante do PCP e como dirigente da secção de Patinagem da AAC.
Serve isto para dizer que não vejo Mário Nogueira como um homem que fica sentado à sombra da bananeira a aproveitar o sol do sindicalismo.

Não aprecio o papel de líder sindical. Não aprecio por diversas razões.
No Reino Unido existe uma coisa chamada NUT : National Union of Teachers. Union. É isto. A União faz a força. Pelo menos é esta a lógica.
Não concordo com esta posição de dirigente sindical que não exerce a profissão que representa.
E muito menos que seja avaliado como se estivesse a exercer.
Se, como aconteceu com Mário Nogueira, um professor que não dá aulas é avaliado com um Bom, qual é a legitimidade para dar nota inferior a um professor que tenha dado aulas?

Voltando à questão da união e pegando no seu significado, o sindicado deve existir, sim, para defender os interesses da classe, mas deve existir graças a um movimento unificado de profissionais e não graças a um ex-profissional que larga o seu ofício para ser dirigente. Até concordo que haja uma redução do número de horas de aulas para poder dedicar-se ao sindicato, mas não posso concordar que se troque a profissão pelo sindicato. Muito menos concordo com a avaliação do sindicalista que não exerce como se exercesse.

Continuando, a longevidade dos cargos sindicais também me parece censurável.
Isso virou carreira? Mas carreira de quê, quando, como disse antes, quem se dedica aos sindicatos deixa de lado o ofício que deu origem ao próprio sindicato?
Não só não concordo com a existência de um líder sindical como não concordo com a "Alberto-João-Jardinzação" das direções sindicais.
Os sindicatos não podem e não devem ser um paraíso para quem, no fundo, deixa a profissão cujos interesses vai representar e, muito menos se justifica que se perpetue a permanência nos cargos.

O propósito dos sindicatos é louvável, já o seu papel tem sido questionável.
Os sindicatos não servem para ser apenas do contra, devem assumir uma postura atenta, com uma visão crítica e desempenhando um papel construtivo. Não se pode viver a dizer "não" e "não" e "não". É necessário apresentar alternativas às propostas que vão contra aquilo que consideram ser os interesses dos trabalhadores.
Não me parece que isso seja o que se passa.




segunda-feira, dezembro 19, 2011

Vai-te embora!

Mais um dia que passa, mais um dia em que o atual executivo português assume a sua incompetência.
Depois do secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Alexandre Miguel Mestre, foi a vez do primeiro.ministro, Passos Coelho, abrir a porta da rua aos professores.

Muitos dizem, como já li, que é inadmissível, outros que foi uma declaração plena de lucidez.

Segundo uma sondagem que efetuei junto dos meus botões, é unânime que estas declarações são sintomáticas da consciência do membros do governo de que não têm capacidade para resolver mais esta situação.

Todas as promessas eleitorais apontavam para um aperto de cinto, todas as medidas apontam para a guilhotina. As medidas que se adivinhavam severas e que iriam afetar TODA a população, acabaram por se focar nos que atravessam maiores dificuldades. Típico.

Passos Coelho e o seu executivo são tão bons a gerir o país quanto eu era compente a jogar Ceasar III aos 15 anos de idade. A diferença é que, depois de algum tempo a abusar da carga fiscal, a população revoltava-se e eu perdia o jogo. No caso real, o jogo é de conversa. Falam governo e oposição, falam comentadores, fala a comunicação social e fala-se mal...mas não se faz nada.

Esta situação mostra duas coisas:

1) Passos Coelho apercebe-se que não tem capacidade ou competência para diminuir os números do desemprego, ou seja, para criar emprego. Isso já muita gente sabia, mas nunca tinha sido assumido de forma tão clara como agora. É simples: aqui não há nem vai haver lugar para o pessoal que pretende trabalhar, por isso sigam lá para fora!

2) Passos Coelho revela pouca inteligência, pouca visão e, sobretudo, pouca capacidade de trabalho. Se o PM tivesse comunicado ao país que teria estabelecido acordos com países lusófonos para que os portugueses no desemprego possam procurar oportunidades de trabalho no estrangeiro, isso seria de louvar.
O apelo seria o mesmo, a diferença residiria na criação de condições.
O que Passos Coelho estupidamente se esquece é que quem está no desemprego e quer procurar oportunidades no estrangeiro tem que pagar viagens, alojamento e, tem que conseguir visto de trabalho.
Passos Coelho acha que, lá por Portugal ter as penas abertas a brasileiros, Angolanos, moçambicanos, etc etc, o recíproco se verifica.
Não é assim.
Enquanto Portugal é uma pequena casa, com pouco a oferecer, e que tem as portas abertas para os nossos "irmãos lusófonos", os ditos irmãos levantam um conjunto de obstáculos que tornam bem complicado o acesso ao mercado de trabalho nesses países.

Não estranho que um garoto que chegou a primeiro-ministro sem ter mérito, quer como jotinha, quer no curso que comprou, quer como moço de recados do padrinho, esteja agora a demonstrar que nunca seria/será capaz de fazer algo pelo país.
Também não estranho que um conjunto de teóricos como ministros não seja capaz de contornar a crise.

O que estranho é que não haja uma única criatura no meio de ministros, secretários de estado e assessores, que se lembre de dizer: "senhor primeiro-ministro, não era mal pensado se tentasse contactar os seus parceiros dos países que recomendou, sondar quanto ao interesse em receber os nossos profissionais e redigir uns daqueles papéis que se assinam no final e que permitem proporcionar melhores dias aos seus compatriotas e, depois de tudo assinado e acordado, comunicar ao país que foi capaz de fazer alguma coisa de produtivo por Portugal e pelos portuguegues".

Eu não espero nada deste tipo e dos seus comparsas, por isso mesmo decidi antecipar-me aos seus apelos...e vim andando.


FOI PROFUNDO


sexta-feira, dezembro 02, 2011

Ariane Fonseca: YOU SUCK!

Esta senhora colocou online uma lista chamada "40 motivos para se casar com um jornalista".
Como achei tolice, decidi ser desmancha prazeres, uma tarefa em que sou profissional.

Jornalista geralmente é criativo, ele vai surpreender você quando menos esperar;
Eu já era criativo bem antes de qualquer experiência jornalística

São curiosos e antenados, você sempre ficará por dentro de tudo que acontece;
e é preciso ser jornalista? qualquer cusco, porteira ou adolescente é assim...

Eles não ganham bem, mas isso é bom porque vocês podem aprender a economizar dinheiro;
desde quando é que é bom ter pouco dinheiro? e os jornalistas não são os únicos que ganham pouco dinheiro, essa lógica seria melhor ainda para um arrumador! Nem quero imaginar como deve ser um incrível gestor para conseguir viver de trocos!

No Natal, Ano Novo, Carnaval… eles provavelmente estarão na redação. Mas, pense pelo lado positivo: antes trabalhando do que vagabundando;
ausente é sempre ausente, nunca é bom. Aplicação extrema desta lógica: um jornalista de guerra leva um tiro e morre: antes morto que enrolado com alguma prostituta estrangeira!

E outra! Trabalhando muito, eles não têm tempo de se interessar por outra pessoa;
Pouco inteligente. Trabalhando muito não tem tempo para qualquer outra pessoa. Em que planeta é que isso é bom?

Eles não são bons de matemática, mal sabem somar e subtrair; mas, para que saber isso se são os mestres da escrita?;
Bela generalização. Ponto 1: nem todos são maus com números, a matemática não é apenas uma questão de somar e subtrair, tem muito a ver com raciocínio. Ponto 2. Eu sei de muito jornalista que não se enquadra como mestre da escrita.

Acostumados com pautas, são bem organizados e planejam bem as coisas antes de fazê-las;
Ai sim? Eu ia jurar que os jornalistas estão bem longe de ser os melhores no que diz respeito a esta categoria...

Como é fissurado por fontes, quando você tiver uma ótima ideia, ele não vai dizer aos amigos que foi coisa da cabeça dele. Dará todas as honras para você!;
Alguém vive num mundo completamente estranho... O jornalista protege as fontes, pode dizer que não foi ideia dele mas pode não divulgar quem deu a ideia...

Como vivem numa rotina corrida, não tem muito tempo para opinar nas coisas da casa. O que você fizer, ele vai achar lindo;
Boa lógica. Experimenta esta: como o jornalista é objetivo, provavelmente vai dizer as coisas como elas são em vez de florear: feio é feio, não é "nota-se que fizeste isso com carinho e tens um bom gosto incrível".

Tudo é um grande brainstorm (tempestade de ideias). Monotonia não vai entrar na sua casa!;
Ora aqui está uma coisa chamada "tradução de merda" para ajudar a mais um raciocínio de caca.

Quando vocês brigarem, ele não vai achar que a opinião dele é a melhor. Tem que ouvir todos os lados de um fato, ele saberá analisar a situação!;
Opinião não é facto. Quando se mistura objetividade com subjetividade, dá asneira. Uma notícia não é opinativa. Quando se trata de opinar conta a visão de cada um

Em coberturas de grandes eventos, você poderá entrar de gaiato. Cada final de semana em um lugar diferente: jogos de futebol, avenida de escola de samba, lançamento de livros…;
E isso resulta onde mesmo? "olhe, era uma credencial para mim, que vou trabalhar, e o meu amorzinho, que vai só ver".

Mantêm revistas e jornais no banheiro. Você nunca ficará olhando para o vácuo enquanto faz suas necessidades fisiológicas. Ganhará conhecimento!;
Mais uma pessoa que não sabe a diferença entre uma casa-de-banho e uma biblioteca. Mijar/cagar e ir embora! É suposto ser algo rápido e não é para ficar a inalar o belo odor!

Idolatram pessoas totalmente desconhecidas (o seu Zé, a Dona Maria, o Juquinha…) Todos com ótimas histórias de vida que vocês podem usar no cotidiano também para se tornarem pessoas melhores!;
WHAT??????

Não vai faltar café na sua casa. Café e jornalista são praticamente sinônimos;
Mais uma vez, raciocínio de merda. Eu bebia muito mais café quando era estudante. E, se vamos por estereótipos, bom mesmo nisso de ser viciado em café é um polícia!

Ele pode escrever os votos matrimoniais da sua irmã, criar o conteúdo do site de negócios do seu pai, ensinar sua mãe a tirar fotos das amigas nos eventos do bairro. Ele aprende de tudo um pouco e gosta de compartilhar!;
Também pode cozinhar, lavar, passar, tratar do jardim, costurar... não quer dizer que seja bom nisso! Todos temos um amigo que acha que até sabe fazer trabalho de canalizador e reparar electrodomésticos!

Tudo para o jornalista tem uma explicação. Eles nunca vão se contentar com a primeira versão de um fato. Você sempre terá uma resposta, mesmo que demore;
Sempre pensei que isso era um filósofo, um cientista ou um pastor da Igreja Universal. Afinal é o jornalista. Também pensei que o jornalista procurava quem tivesse a explicação mas, pelos vistos, estava enganado.

São ótimos investigadores. Se alguém no trabalho passar a perna em você, rapidinho ele descobre quem é!;
Esta mulher anda a ver muito Bored to Death...

Como trabalham muito, não tem tempo para beber demais, fumar, se envolver com drogas…Você terá um companheiro saudável!;
Começo a achar que ela não conhece jornalistas...

Tá bom, vai… eles não costumam comer coisas muito saudáveis. Mas se você for legal e fizer comida para ele levar ao trabalho, isso se resolve rapidinho, não é? =);
Mas isso é característica de jornalista? Desde quando?

Suas viagens nunca serão monótonas! Se acontecer qualquer movimento estranho, ele vai logo querer saber o que é e infiltrará você junto para desvendar o problema;
MEDO! Mas que tipo de jornalistas é que esta senhora conhece? Continuo a achar: muito Bored to Death naquela cabecinha...

Amam roupas leves e simples no dia a dia. Você não vai gastar muito dinheiro com isso;
Mas também sabem se arrumar bonitinhos para os eventos. Você terá um parceiro que sabe ser simples, mas também sabe arrasar. Tudo vai depender da ocasião;
Lógica 1: ela acha que o jornalista não tem dinheiro para comprar roupa, é a mulher dele que compra. Lógica 2: se ele gasta menos em roupa, sobra mais para ela gastar em roupa

A agenda é o seu melhor amigo. Mas, não fique com ciúmes! Pense pelo lado positivo, nunca vai esquecer nenhuma data importante, porque tudo fica rigorosamente descrito lá;
Oh mulher! É uma ferramenta de trabalho, logo não estão lá as datas que ela acha que são importantes! Para isso serve o facebook! DAH!

Eles não ficam irritados com “nãos”, afinal, estão acostumados com assessorias de imprensa que não querem divulgar os bafões. Você não terá um companheiro irritado, mas, em compensação ele não vai desistir até conseguir o que quer. Mas só de não se grosso já vale, não é!?;
Claro, todo o jornalista lida com assessorias de imprensa. ahahah sem mais comentários...

Como são antenados, também sempre ficam sabendo das novidades tecnológicas primeiro. Às vezes, até ganham de presente para testar a ferramenta. Você terá tudo em primeira mão na sua casa;
Começa por R e termina em ídiculo...

Eles não se importam com calor, chuva, trovões… afinal, precisam estar onde a notícia está! Você poderá ir na praia com 50 graus tranqüila ou aquela viagem dos sonhos pode se tornar um pesadelo no caos de São Paulo que ele não vai blasfemar. Ainda vai dar risada da situação;
Sim, o jornalista costuma andar com a mulher atrás. Aliás, acho curioso como a mulher é incoerente. No início fala da questão de ele não estar com ela mas estar a trabalhar e não a vagabundear, agora fala como se ele a levasse para o trabalho...

Acham que podem salvar o mundo com uma matéria. Olha que sensibilidade!;
Eles acham que podem ajudar a mudar o mundo. É bem diferente...

Eles sempre sabem tudo todo o tempo;
Isso não é ser jornalista, é ser chato e pretensioso.

Gostam de música para acalmar;
1. E é preciso ser jornalista? 2. há jornalistas que precisam de silêncio, outros de agitação...

Leem livros raros, histórias para crianças e semiótica… Seus filhos serão super dotados se depender dele;
Claramente não é filha de um jornalista... livros raros, histórias para crianças e semiótica? Epá, primeiro, o que são livros raros? Segundo, histórias para crianças, provavelmente quando eram crianças. Terceiro, ninguém gosta de livros de semiótica, foram necessários para fazer o curso!

Sua vida social é infinitamente grande. Você nunca poderá reclamar que não conhece gente nova;
Ai não! Mas isto não tem fim? Então eles não têm tempo para outras pessoas mas a vida social é infinitamente grande? Há gente que não gosta pensar...

Eles estão acostumados com coisas chatas e sabem contorná-las muito bem. O casamento nunca vai virar algo monótono;
Não é contornar, chama-se "engolir sapos por se querer receber ao final do mês".

Eles gostam de camisas com estampas de alguma brincadeira sobre algo atual. Suas amigas vão ficar com inveja do seu companheiro inteligente;
Onde é que ela vai ver isto? Quem são os jornalistas que ela conhece? Eu conheço alguns com tshirts com frases estúpidas, com bonecos da disney ou da marvel ou com piadas sexuais, longe de estarem enquadrados neste pensamento...

Eles sempre têm uma opinião sobre qualquer coisa na face da Terra. Durante uma conversa entre amigos, vocês nunca ficarão apagados;
A maior parte das pessoas tem opinião sobre tudo, não significa que vão dizer algo acertado...

A maioria gosta de virar psicólogo, técnico de futebol e médico às vezes. Você terá um companheiro mil e uma utilidades;
Tirando a parte de técnico de futebol, isso faz-me lembrar várias pessoas que conheço. Quase todas do sexo feminino, quase nenhuma jornalista...

Por causa da profissão, são forçados a aprender mais de um idioma. Você vai ouvir “Eu te amo” em, pelo menos, umas três línguas diferentes;
1) nem todos os jornalistas precisam de aprender outros idiomas. 2) quando aprendem não é pela profissão, é por fazer parte do programa escolar, 3) se só souber duas línguas já desarma o pensamento, 4) por fim, que raio vai fazer um gajo dizer à sua gaja "eu te amo" em três línguas????

A primeira coisa que seu filho vai aprender é que a informação é a alma do negócio. Com dois anos, sua fofurinha vai saber o que é aquecimento global, mercado financeiro e já saberá criticar políticos;
O segredo é a alma do negócio e a primeira coisa que vai aprender é a não chorar a meio da noite :)

Gostam de mudar de cidade, estado e até de país. Você conhecerá muitos lugares!;
Verdadinha. Por outro lado, se gostam disso, há uma boa possibilidade de quererem mudar sozinhos, o que pode querer dizer que mudem de namorada e não casem.

Assistem documentários e vão a museus o tempo todo, não importa o que seja. Ô cultura!
É. Os jornalistas adoram museus. E documentários. Odeiam futebol e filmes de porrada e tiros.

Sinceramente, aqui está algo escrito sem pés nem cabeça, uma tristeza que dá pena.
Não sei se o propósito era ter piada, mas convém sempre pensar um bocadinho no que se escreve, não basta meter um conjunto de ideias que parecem ter graça. No fim deve ler-se e decidir se está tudo direitinho... para não sair algo como isto!
Há pessoas malvadas no mundo que podem aproveitar para ser cruéis e "assassinar" o bonito texto da treta...

FOI PROFUNDO?

terça-feira, outubro 25, 2011

Questões sobre um país à deriva

Dois pontos prévios antes de começar:
1. A grande vantagem do país andar à deriva é ainda não ter afundado.
2. Enquanto ateu, não acredito em intervenções divinas, acredito nas capacidades humanas, por isso isso mesmo tenho pouca fé nos atuais governantes, indivíduos que não mostram ter o que é necessário para levar o país a bom porto.

Olhando para Portugal, ainda que à distância de um oceano, dou por mim a pensar se chegámos a um ponto em que não há ninguém capaz de governar o país e o meter na ordem.
Não digo, ao contrário de muitos, que seja preciso outro Salazar, também não acho que seja preciso fazer um intervalo na democracia, tudo isso revela pouca inteligência.
Aliás, Portugal tornou-se um país com muitos espertos, ao invés de vários inteligentes.

Não terei sido o único a receber emails com salários absurdos de deputados e gestores ou de antigos políticos, comparando quanto auferiam antes e depois dos cargos desempenhados "em prol da nação".
Não é algo que me surpreenda, embora confesse que o nível de pornografia dos salários tenha excedido o que eu pensava. O soft-core da minha imaginação é, na verdade, um hard-core bem próximo da categoria snuff.

É claro que cada um deve ganhar de acordo com as suas qualificações e de acordo com as suas responsabilidades, mas depois existem vários truques "mágicos" para meter mais algum dinheiro ao bolso. Prémios de desempenho, cartões de crédito da empresa, combustível, telemóvel...
Eu pegaria apenas na questão dos prémios de desempenho e de produtividade. Qual é mesmo a justificação para pagar milhões a estes artistas quando a economia nacional está em tal estado que se fala em...crise?
Como é que se justifica que as empresas tenham níveis de endividamento gigantescos e depois se dêem prémios de milhões aos seus gestores? Ninguém pensa em equilibrar as contas das empresas, pensam em meter dinheiro ao bolso e, como são os administradores a decidir os prémios da administração, não espanta que se preocupem com os seus respetivos umbigos.
Com o país passa-se o mesmo.
Quem está no poder preocupa-se em governar-se e tratar dos seus. Por isso mesmo acho hipócrita quando PS, PSD e CDS trocam acusações falando dos boys, quando todos fazem o mesmo. E, atenção, eu compreendo que se coloquem pessoas de confiança em lugares que devem ser de confiança política. É claro que isso faz pressupôr que, estando uma pessoa no cargo que não é do partido, vá fazer algo para prejudicar quem está no poleiro. É uma boa lógica que mostra que quem está na política sabe que o jogo sujo e a importância de estar no poder é superior ao bom desempenho do cargo que se está a ocupar.

Outra questão que não me sai do pensamento tem a ver com a gestão do país, nomeadamente quando olhamos para os impostos.
Eu não tenho formação em economia, mas era capaz de apostar que se taxassem as grandes fortunas, não se perderia grande coisa.
Vejamos: quantos salários de 1000€ correspondem a um qualquer grande empresário português? O que eu quero dizer é: se em vez de se taxarem uns milhares de trabalhadores que já não recebem grande coisa, podia taxar-se um ou outro grande empresário. Não só o retorno seria o mesmo, como o número de portugueses afetados seria bem menor.

E não só.
Julgo que não é preciso ter grande formação em economia para saber que, se as grandes fortunas fossem taxadas de forma visível, o montante em causa iria servir para alavancar a economia nacional de forma mais célere, permitindo que os mesmos que fossem taxados pudessem voltar rapidamente a usufruir das vantagens de uma economia recuperada. E isto sem ter que ir ao bolso de quem nada ou pouco tem.
As medidas implementadas pelo atual governo são vampíricas. Só falta sugar o sangue da classe média e da classe trabalhadora. Quanto menos se tem, mais se lhes cobra. É pouco inteligente, especialmente num período em que é necessário mobilizar o país para ser produtivo.
Se, por exemplo, o senhor Américo Amorim ou o senhor Belmiro Azevedo tiverem que "largar" uns milhões para o Estado, será que vão passar fome? Vão ter que vender um carro ou deixar o banco levar-lhes a casa?
Mas se tirarem 200 euros por mês a um trabalhador que já não leva muito para casa ao final do mês, é capaz de fazer uma grande diferença.

E quanto às manifestações...
Façam-me um favor!
Isso não é nada!
Não digo que se recorra à violência, queimar carros é estar a destruir o que o vizinho do lado trabalhou para conseguir e é ridículo. Os senhores do poleiro não sentem na pele se arder o Nissan que um empregado de restaurante demorou 3 anos a pagar!
Mas um dia de paralisação?
Uau! Que impacto!
Experimentem fazer como aqui no Brasil. Bancos parados, correios parados, funcionários da faculdade parados. Mas parados MESMO! Até às suas exigências serem atendidas.

Acredito que o pior pode não ter chegado pois, tal como sucede na Europa, não há solidariedade interna. Os governantes querem que os países mais ricos ajudem os países em dificuldades, mas as suas medidas internas consistem em fazer sofrer os cidadãos que já estão com o cinto apertado. Com que moral é que Passos Coelho reclama com Alemanha e França se ele próprio segue a mesma cartilha?

Não temos políticos competentes da mesma forma que não temos gestores competentes.
Se fossem competentes teríamos uma economia forte. Não temos.
Mas temos gestores pagos principescamente. E temos políticos pagos principescamente assim que acabam funções e vão para empresas privadas, semi-privadas ou públicas.

O que me deixa enojado é a forma como tantos senhores falam de ser necessário estarmos preparados para o aumento de desemprego e para mais esforços quando tantos deles acumulam cargos atrás de cargos em empresas e institutos e fundações e o que mais existir para os deixar de bolsos bem cheios.

Um jovem tem que aguentar meses ou anos à procura de emprego mas estes senhores vão buscar salários a 4, 5, 6 fontes. E são humanos que têm um dia de 24h como qualquer jovem que não pode trabalhar por ser necessário cortar nas despesas e por, como um dia ouvi dizer, a árvore não poder abrigar todos. Não abriga todos, mas há uns passarões que vão de galho em galho, de árvore em árvore e conseguem sempre um bom abrigo.
Se me querem convencer que estes artistas que acumulam funcões em várias empresas conseguem multiplicar as suas horas, muito bem, mas dificilmente me convencem da justiça deste tipo de situações. Uns com tanto, outros sem nada. Não há como pagar 1000€ a um jovem que está em início de carreira, mas os "velhos" podem andar a sugar 4000€ (no mínimo) por estarem presentes numa reunião.

E a mentirinha da redução da máquina do Estado? Eram os ministérios que iam ser reduzidos, afinal foram os ministros, os ministérios continuam lá, com os secretários de estado e acessores e motoristas e tudo o que é necessário para quem está no poleiro.
Querem diminuir a despesa? Que tal começarem por onde realmente se gasta dinheiro? Ou devo dizer que devem começar por onde se deita dinheiro fora?.
É que eu também recebi os emails com os montantes gastos pelas autarquias em flores, músicos, balões, champanhe, etc, mas tal como as autarquias temos o Estado e as grandes empresas a deitar dinheiro fora nestas coisinhas fúteis.

Eu gostava de ver gente competente e corajosa à frente do país, gostava de ver gente inteligente, mas acho que é pedir demais.

Vamos continuar com o país em modo Tomás Taveira: Aguenta e não chora...

segunda-feira, outubro 17, 2011

São todos umas vítimas!

POR FAVOR!!!
Fiz algum mal a alguém para ter de ouvir/ler tanta teoria de vitimização de Passos Coelho e do PSD?

A que governo pertenceram os gatunos que destruiram um "pequeno" banco português em "meia dúzia de tostões", obrigando a que recentemente, um governo de outro partido tivesse de canalizar uns "milhõezitos" para tapar o buraco e impedir que particulares e empresas vissem o seu dinheirito ir à vida?

Qual foi o governo que assinou os "papéis" do TGV?
Qual foi o governo que acordou a compra dos submarinos?
Qual foi o governo que não torrou milhões em alcatrão?

Sócrates era criticado por andar a desculpar-se com o governo anterior, Passos faz o mesmo.

Quando todos criticaram (com razão) o talento que Sócrates exibia para não cumprir promessas eleitorais, onde estão agora as vozes para apontar o dedo a Passos que faz tudo ao contrário do que prometeu na campanha eleitoral?

Comparar Sócrates e Passos Coelho é triste. Tudo o que foi apontado a Sócrates pode ser facilmente aplicado a Passos: jotinha que nunca fez nada a não ser....presidir à jota, trabalhar na empresa do "padrinho" e "comprar" o curso por pressão do mesmo "padrinho".

Andamos a brincar ou acham mesmo que o pessoal é ceguinho????

quarta-feira, janeiro 05, 2011

Política com cheiro a mofo

Eu sou da geração que um dia foi tratada por Geração Rasca.
Essa geração que ainda foi tendo convicções e foi saindo para a rua a manifestar-se com as decisões de uma classe política que nunca foi considerada rasca.

Os jovens, por norma, são uns rebeldes, uns inconscientes, são uns doidivanas e não estão habilitados a produzir nada que se aproveite.
Se estudam, então falta-lhes a experiência prática, se trabalham e escaparam aos estudos, então falta-lhes o saber teórico. Se estudam e trabalham, então falta-lhes... a experiência de vida que só tem quem anda cá há muitos anos.

Não é propriamente uma novidade que sempre fomos governados/liderados por gente com um determinado nível etário, a malta jovem ainda não está qualificada para a política a sério, não está habilitada a liderar seja o que for.

Quem está? São os senhores que possuem um B.I. que os habilita a desempenhar funções de responsabilidade, que lhes abre portas para chegar a cargos de chefia.

Mas, se esses senhores nos têm arrastado para a crise que está instalada nos dias de hoje, será que vão dizer "se fosse um jovem isto estava pior ou tinha entrado em crise há uns bons anos"?

O que vemos no panorama político actual?
Políticos experientes que querem ganhar as Presidenciais.

Cavaco e Alegre, para começar.
Depois Nobre. Não é político. Não é uma criança.
Moura. Deputado. Longe de ser um jovem.
O mais jovem é a tradicional Joana D'Arc, o homem que o PCP lança na corrida só para o queimar.
Depois há mais uns artistas mas, perdoem-me, para artista preferia que aparecesse no boletim de voto o Manuel João Vieira.

Pegando nos candidatos, começo por Defensor Moura. Só entrou na corrida para disputar uns rounds com Cavaco e fazer sangrar o actual PR. Ao contrário do que já li na comunicação social, Moura quase desfez Cavaco no debate entre os dois. Mas isso não vale de muito. Pelo menos para Defensor Moura. Aposto que não vai ter mais votos por isso, ou pelo menos de uma forma significativa.

O candidato do PC já cheira a queimado, por isso acho que não há muito a dizer. É mais um com as duas características dominantes do PC: honesto e "cassete".

Nobre. Um erro de casting. Ninguém discute o valor do senhor, mas quem é que vai meter um médico, um humanitário como PR? Não me parece que o bom caractér do senhor vá ser útil para o país se o meterem na presidência.

Alegre. Uma tristeza. Como disse e muito bem Fernando Nobre, o CV deste candidato resume-se a "eu lutei contra o fascismo", "a mim ninguém me cala" e 25 anos de cu sentado na AR. Sinceramente, tem perfil para testar cadeiras para o IKEA ou para contar histórias a criancinhas. E acho de muito mau gosto que continuem a tratar o senhor por doutor...e ele gosta. O mais negativo que tem é a preguiça. Preguiça de se preparar para os debates, por exemplo, preguiça de pensar ou de preparar o que diz, já que insiste em lançar palavras bonitas e vazias. Nunca o ouvi dizer "eu quero fazer isto e isto faz-se assim, assim e assado!". Não. Ele manda uma versão romanceada, floreada e superficial de algo que as pessoas querem ouvir. E isso é muito lindo...para escrever livros. Nesse caso, Alegre pode ficar pela escrita e fica muito bem. PR é que não.

Cavaco. É mau. É muito mau. Ao pé do que tenho visto e ouvido nos últimos tempos, o episódio do Bolo-Rei de boca aberta é digno de um livro de boas maneiras da Paula Bobonne. A arrogância com que diz que alguém tem que nascer duas vezes para ser tão honesto quanto ele, a forma como não responde a nada e ainda se lembra da ideia peregrina de mandar as pessoas para o site da Presidência da República (deve viver num mundo alternativo em que todos os portugueses têm internet e computador), o discurso de vitimização: "todos me atacam e andam em campanha para me denegrir", a hipocrisia de quem diz que faz uma campanha pela positiva e sem insultos e depois resolve chamar os seus opositores de mentirosos e fá-lo diariamente...
Juntando a isto a sua dicção e as suas ideias repetitivas e limitadas, suspeito que o homem esteja a ficar debilitado.

São estes os senhores que avançam para tomar conta do nosso país. Cheira-me a mofo. Cheira-me a política de naftalina...


FOI PROFUNDO!

Dispenso...

Porque tudo o que é dito é dispensável...
Porque tudo o que é escrito é dispensável...

Este é um blog onde se fala a sério e se brinca.
Quem não goste de ironia ou sarcasmo que feche esta página rapidamente!
Aqui ninguém tem razão.
Eu não pretendo estar certo, pretendo observar e pretendo fazê-lo de uma forma atenta e crítica...de uma forma dispensável.

Dispenso...um blog dispensável.

pessoas já dispensaram um tempinho para dar uma espreitadela