terça-feira, agosto 19, 2008

Espírito Olímpico

A comitiva olímpica portuguesa está a ter um comportamento bem abaixo do esperado, quer dentro quer fora da competição.



Obikwelu, Naide Gomes, Telma Monteiro e João Neto seriam (a par de Nélson Évora e Vanessa Fernandes) fortes candidatos a medalhas de ouro.


Os quatro falharam.


Assim como eles falharam, também outros atletas - que não se apresentavam como favoritos nas suas áreas de competição - estiveram mal nas eliminatórias e, pior ainda, depois dos maus resultados.


Não resisto a colocar aqui algumas das frases mais bonitas :
"de manha so é bom é na caminha, pelo menos comigo"
"lutei contra os árbitros"
"nao concorri por ter ficado bloqueado"
"estava bem, fiz o aquecimento bem. A única explicação é que, infelizmente, não sou muito dada a este tipo de competições."
"não vale a pena concorrer dada a forte concorrência africana"
"a poluição não permite melhores resultados"


Nas primeiras declarações, proferidas por Marco Fortes, ao que apurei, estamos a falar de um atleta que não é profissional, não tem treinador e conta apenas com a ajuda de um antigo lançador ucraniano que o auxilia nas horas vagas. Não invalida a infelicidade das palavras de MF, mas acaba por se compreender.


Nas segundas, há que perguntar: será assim algo tão difícil de crer? É alguma novidade o facto dos árbitros serem "caseiros"? Eu não sei porque não vi, mas pelo que foi descrito em alguma comunicação social, não me parece descabido o que o judoca disse.


Já nas duas que se seguiram, há que compreender que uma competição deste calibre pode ser perturbadora para certo tipo de personalidades. Nem todos lidam da mesma forma com a pressão. Nem a Naide Gomes que está habituadíssima a participar em provas internacionais! E acredito que a atleta que disse que nao era "dada a este tipo de competições" queria simplesmente dizer que estas provas não lhe costumam correr bem. Agora, se teve resultados que lhe permitiam ir aos Jogos Olímpicos, quem é que devia ir? Ela que trabalhou para isso ou alguém que fosse mais forte psicologicamente?


Quanto às duas últimas, já me parecem mais difíceis de "engolir".
Quer dizer, se não vale a pena concorrer, porque é que foram para Pequim? E mais. É que a desculpa da poluição é, no mínimo, estranha. Que eu saiba o ar está poluído para todos.


Por fim, gostava de falar da Vanessa Fernandes.

Sim, sim, parabéns porque ganhou a prata no Triatlo.
Mas eu dou-lhe a medalha de cortiça pelo espírito de camaradagem e pelo espírito desportivo.


Para começar, se for mesmo verdade que a atleta ficou numa vivenda fora da aldeia olímpica com a família paga pelo CO, há que louvar o tratamento VIP dispensado à Vanessa.

Depois, acho engraçado que ela tenha elogiado o "excelente" desempenho de Bruno Pais (17.º) e Duarte Marques (44.º) no triatlo. Sobretudo quando outros atletas, estreantes em Jogos Olímpicos como os dois referidos, conseguiram marcas tão "positivas" como as do Bruno Pais e do Duarte Marques. Será que a Vanessa só os elogiou porque são "coleguinhas" de modalidade?


Mais, Vanessa Fernandes disse que certos colegas de selecção "não assumem a responsabilidade deles, começam a julgar coisas exteriores. A desculpar-se ou a criticar alguém ou alguma coisa. É patético. É a pior coisa que um atleta pode fazer".


Pois é, então e é patético a Vanessa ter as condições de treino que tem e o tratamento VIP que está a ter em Pequim comparando com o amadorismo de outros atletas que se qualificaram com tanto ou mais esforço e sacrifício que a menina Vanessa? E é assim tão patético que as pessoas assumam que não têm estofo para competir com os africanos? Ou que não conseguem lidar com a pressão que é estar nos JO? Se trabalharam para estar lá, iam dizer "epá, eu não sei se vou conseguir lidar com a pressão, por isso mandem alguém mais fraco e que não tenha conseguido os meus resultados".


Concluindo, depois de tantos elogios à medalha de prata da Vanessa Fernandes lembrei-me das críticas da mesma aos colegas:


"Acho que falta atitude. Falta mesmo. Terem um pouco a consciência do que é um evento como estes. Isto tem de vir mesmo do coração e não sinto muita gente a vir com isso cá dentro. Vêm cá e... pronto. Olha, está feito. Aqui tens de competir a fundo, mas isso é que é difícil".


Antes disso já tinha afirmado que "a alta competição não é brincadeira nenhuma. Não é fazer meia dúzia de provas, andar a receber uma bolsa e está feito. Muitos não vêem bem a realidade das coisas. Não têm a noção do que isto significa. Se calhar por termos facilidades a mais".


Dá-me vontade de rir.

Só a alusão às facilidades a mais mostra que VF não tem noção da realidade, o que se compreende, já que na vivenda com os papás fora da aldeia Olímpica deve ser difícil comunicar com os restantes colegas de comitiva e saber as condições em alguns treinam.

Depois, a Vanessa Fernandes, que é só e apenas a detentora do Recorde Mundial de vitórias na história do Triatlo Mundial, chegou a Pequim, fica em segundo lugar e diz que a medalha de prata "É mais do que ouro".


Ora bem, ou somos todos parvinhos e, de repente, a prata é mais que o ouro e ninguém nos avisou, ou a Vanessa Fernandes está a considerar que o facto de ter andado a ganhar todas as provas em que entrou e chegar aos Olímpicos e ficar em segundo é um sinal da sua atitude de quem compete sempre a fundo.

Não percebo é como, no meio de tanta atitude e tanta dedicação e tanto profissionalismo, a Vanessa não fez o que era habitual. Ou será que ela fez "meia dúzia de provas" e depois em Pequim não deu o seu melhor?





FOI PROFUNDO

segunda-feira, agosto 18, 2008

Ainda há gente assim

Depois de muito se falar mal dos estrangeiros em Portugal, de se bater na comunidade que escolheu Portugal para país de acolhimento, eis que o grupinho de maldizentes teve uma bela resposta.

Francis Obikwelu nasceu na Nigéria e veio parar a Portugal. Aos 15 anos, quando trabalhava nas obras, teve uma mãozinha de uma professora que arranjou maneira de colocar o ex-campeão africano dos 400metros no atletismo do Belenenses, depois de ter sido recusado por Sporting e Benfica.

Mais tarde, chegou ao Sporting e daí acabou por chegar à selecção nacional portuguesa.
O atletismo não é propriamente um desporto mediático (a não ser quando se tinha o Carlos Lopes ou a Rosa Mota e, mais tarde o Rui Silva e a Fernanda Ribeiro a correr em provas internacionais) e, talvez por isso, nunca se tenham ouvido os protestos do costume. Talvez também por Obikwelu só se ter tornado um nome conhecido quando começou a vencer provas e a arrecadar medalhas. Sim, porque se trouxer medalhas já pode ser português.



Obikwelu chegou aos Jogos Olímpicos como candidato a uma medalha mas acabou por não passar das meias-finais.
Desilusão?
Sim, um pouco.

Mas Obikwelu fez aquilo que é muito raro ver um atleta fazer.
Pediu desculpa por não ter cumprido os objectivos e, mais que isso, pediu desculpa aos portugueses pelo dinheiro investido na sua ida aos Jogos Olímpicos.
O habitual é ver atletas a reclamar que não têm condições - e com razão - quer ganhem, quer não ganhem.
Francis Obikwelu foi treinar para Espanha mas não deixou de representar nem o Sporting nem Portugal.
E também não deixou de ser humilde.

Mais que isso.
Obikwelu conseguiu chegar onde chegou graças a muita gente que decidiu ajudar o rapazola de 15 anos que tinha vindo para Portugal para tentar ter uma vida melhor e estava a trabalhar nas obras.
E não se esqueceu dessas pessoas.
Francis Obikwelu anunciou a criação de uma Fundação no Algarve, a primeira região de Portugal onde morou, e que servirá para integrar jovens entre os 6 e os 14 anos no desporto e, para além disso, irá promover a integração social.
A Fundação será à partida sediada em Albufeira e o luso-nigeriano pretende, desta forma, "ajudar meninos e meninas, tirá-los da rua e colocá-los a praticar desporto", segundo palavras do próprio.

Um exemplo de quem consegue olhar para trás e agradecer o que o país fez por ele e, desta forma, tentar retribuir.
Agora é uma questão de esperar que o país saiba reconhecer o que Obikwelu fez por Portugal.


FOI PROFUNDO!

quarta-feira, agosto 06, 2008

O Apocalipse é português

Alguém se lembra do anúncio do fim do mundo para 2000?

Alguém se recorda de quando se fez constar que o mundo ia acabar na passagem de 31 de Dezembro de 1999 para 1 de Janeiro de 2000?


Pois é, agora parece que o apocalíptico final do mundo passou para 2012.





Ora bem, isto cheira-me que há dedo português nisto tudo.

Se o Apocalipse devia ter chegado no ano 2000 e afinal só vem lá para 2012, é provável que tenha havido alguma derrapagem orçamental.

E quem diz derrapagem orçamental diz algum embargo da responsabilidade do Sá Fernandes.

Ou algum erro de projecto que tenha obrigado a calcular de novo o impacte (ou impacto? nunca entendi) ambiental que o apocalipse possa vir a ter no planeta. É que acabar com o Homem tudo bem, agora, destruir o habitat de espécies em vias de extinção é que não pode ser!


Eu cá vou continuando a viver a vida como se o mundo fosse acabar amanhã mas tendo sempre em atenção que pode ser que não acabe...





FOI PROFUNDO!

Dispenso...

Porque tudo o que é dito é dispensável...
Porque tudo o que é escrito é dispensável...

Este é um blog onde se fala a sério e se brinca.
Quem não goste de ironia ou sarcasmo que feche esta página rapidamente!
Aqui ninguém tem razão.
Eu não pretendo estar certo, pretendo observar e pretendo fazê-lo de uma forma atenta e crítica...de uma forma dispensável.

Dispenso...um blog dispensável.

pessoas já dispensaram um tempinho para dar uma espreitadela