quinta-feira, outubro 13, 2005

O ensino "superior"

Vindo de uma das universidades mais antigas do mundo - 3ª, julgo eu -, de uma academia com uma larga história no movimento estudantil, de um ensino superior pago a peso de ouro e onde as aulas são essencialmente, se não totalmente, monopolizadas pela figura do docente e onde me parece haver uma barreira professor/aluno – não digo que a responsabilidade desse facto seja de estudantes ou de docentes, talvez seja uma questão de tradição -, vim parar praticamente a outra dimensão.
Comecemos pelo final. Aqui não dá “senhor professor” ou “doutor não-sei-das-quantas” ou algo que a isso se assemelhe. O primeiro nome ou primeiro e segundo ou primeiro e último bastam para estabelecer a comunicação com qualquer responsável por qualquer cadeira. Mais ainda, há professores que organizam jantares e festas nas suas casas para promover uma boa relação com os alunos e entre os alunos.
As aulas privilegiam o aluno. Como? Não existe nada que se pareça com debitar matéria, gastar paus de giz ou canetas de feltro nos quadros, a realidade é bem diferente, O professor recomenda alguns textos que considera fundamentais e, na aula seguinte, os alunos debatem o que leram. Ou deviam ter lido…Isto, quando não estão sujeitos a uma exposição oral por sorteio, o que faz com que a generalidade leia o que lhes é aconselhado, nem que seja por receio de o seu nome ser o “feliz” contemplado.
Também há aquelas alminhas que lançam os alunos às feras. Encomendam trabalhos ou tarefas sem dar qualquer apoio ou base teórica ou algum guia para os alunos obterem essas bases fundamentais. O objectivo, segundo esses grandes mestres, é que o aluno procure, investigue por si os elementos para realizar o seu trabalho. Nem sempre isso dá (bom) resultado e, no final, o professor não corrige os erros, não diz o que deveria ter sido feito ou como deveria ter sido feito. Ou está bem ou está mal e, se estiver mal, então o aluno que procure melhor e faça de novo ou simplesmente leva um belo e redondo ZERO.
Não posso concordar com esta forma de leccionar. Ensinar não é isto. O que vale é que não são todos assim.
A Universidade Federal da Bahia, em Salvador, é a mais antiga do Brasil mas nem assim tem algo que ver com a de Coimbra. Estar ali é sinónimo de saudades da Praxe, do traje académico, da Torre da Universidade…
Em termos de movimento estudantil, os meninos da UFBA são muito mais radicais que os “coimbrinhas”. Quando cheguei ao Brasil já iam em quatro meses de greve e, prestem atenção, com o apoio de um grande número de professores. Onde é que eu já vi isto? Nunca… E há mais um detalhe. Não existia nenhuma propina. A título de curiosidade, propina, no Brasil, é um tipo de suborno ou dinheiro pago a alguém para fazer algo ilícito. Sugestivo, não?
Além disto, a maior parte dos alunos estão a tirar dois cursos, em universidades diferentes, claro, e ainda trabalham! Como é possível? É outra realidade, onde existe uma universidade do governo federal e outra do governo do estado e ainda as privadas.
Os horários são ou do período da manhã ou do período da tarde, não há nada disso de dias carregadinhos de aulas. Os alunos fazem quatro cadeiras por semestre, durante oito semestres. Algumas das cadeiras têm oito horas semanais , divididas por duas aulas de quatro horas mas não me parece que ninguém fique com tendências suicidas por causa de tal carga horária.
Além disto ainda têm actividades extra que são obrigatórias e sem as quais não podem concluir o curso. Coitadinhos…
Se calhar podíamos aprender alguma coisa com isto, não?

FOI PROFUNDO!

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