sexta-feira, setembro 19, 2008

Money talks?

Uma vez que decidi falar sobre Economia, decidi economizar posts e escrever tudo no mesmo, por isso estive à espera de saber os desenvolvimentos sobre a AIG para escrever estas linhas.

Vou tentar estabelecer aqui uma cronologia.

1º____________________________
A XL Leisure, que é o terceiro maior operador turístico britânico, tem os seus aviões estacionados na pista do aeroporto de Manchester. O o grupo XL Leisure requereu a administração judicial, o que provocou a suspensão de todos os voos da sua companhia de aviação, a XL Airways, e deixou apeados cerca de 85 mil passageiros que, por acaso, ficaram a ver navios à espera do avião, isto depois de terem ficado sem o dinheiro dispendido nas viagens.
2º____________________________
A Lehman Brothers pediu falência, depois das conversações com os britânicos do Barclays Bank falharem já que estes recusaram assumir o controlo do banco norte-americano, cujos activos eram constituídos por hipotecas de alto risco com valor altamente depreciado. Estamos a falar de um dos maiores bancos de investimento do mundo...
3º____________________________
AIG em risco de falência. A maior seguradora americana foi apanhada no turbilhão financeiro da declaração de falência do Lehman Brothers. A American International Group (AIG) está presente directamente em 130 países do mundo, incluindo Portugal. Tem inúmeros instrumentos financeiros, incluindo planos de poupança reforma, junto de particulares. Ao desespero dos clientes, mais de 74 milhões em todo o mundo, e de grandes bancos mundiais, que os responsáveis da empresa tentaram acalmar, junta-se o dos accionistas, que estão a assistir à diluição quase total do valor das acções. No final do ano passado, cada título valia 58 dólares. Ontem, cotou a 1,25 dólares.A agonia da seguradora foi agravada ontem com o corte de rating (avaliação do risco) da seguradora por parte da Standard & Poor's e da Moody's e por informações de que a companhia não conseguiu arranjar um empréstimo de 80 mil milhões de dólares, para resolver problemas de liquidez.

Ao que parece, a Casa Branca decidiu conceder uma ajuda estatal, via Reserva Federal (comprou 80% da AIG), à terceira maior seguradora do mundo, isto depois da declaração do governador do estado de Nova Iorque, de que a AIG tinha apenas um dia para levantar o dinheiro necessário à sua gestão corrente.

As negociações chegaram a envolver o JP Morgan Chase, a Goldman Sachs, que representa um grupo de potenciais investidores, e a Morgan Stanley, em representação da Reserva Federal (Fed).

Caso a Reserva Federal não interviesse, a AIG teria de garantir financiamento, ou ser comprada ou retalhada.


Veja-se que, caso se verificasse a falência da AIG, as consequências seriam bem superiores à falência do Lehman Brothers, cujos activos superavam os 600 mil milhões de dólares (425 mil milhões de euros). O grupo AIG emprega 116 mil funcionários em 130 países, possui 74 milhões de clientes em todo o mundo, na maioria de origem norte-americana, que não terão segurados os seus bens em caso de falência da AIG e detém 40 mil apólices em Portugal.
4º____________________________
Já foram apresentadas as próximas vítimas (Washington Mutual e o inglês HBOS), os maiores bancos centrais realizaram ontem gigantescas injecções de capital nos mercados. Esta iniciativa, que visa garantir abundância de dinheiro nas instituições, ajudou mas não conseguiu evitar alguma subida das taxas de juro nos mercados interbancários, especialmente nos Estados Unidos e na Europa (Euribor).

A dimensão da cedência de liquidez - 100 mil milhões do Banco Central Europeu em dois dias, 50 mil milhões da dólares colocados ontem pela Fed norte-americana e 25 mil milhões de euros do Banco de Inglaterra - revela as preocupações dos bancos centrais face à crise, que o director executivo do Fundo Menetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, classificou de "sem precedentes".

Depois das quedas muito violentas nos índices bolsistas asiáticos, da ordem dos cinco por cento, influenciados pela queda gigantesca da véspera das bolsas americanas, Strauss-Kahn apelou à calma. "O facto de um certo número de bancos nos Estados Unidos estar em vias de reestruturação não deve levar ao pânico", disse o responsável do FMI. Mas o responsável deixou um alerta pessimista, ao considerar que "certas partes do mundo são mais ou menos afectadas, mas o abrandamento é geral. Toda a economia mundial vai desacelerar entre meio ponto e dois pontos, incluindo a China e a Europa".

Ora bem, porque é que isto está a acontecer?

A AIG é mais uma vítima da crise gerada pela concessão de crédito de alto risco, o chamado subprime, que muitos americanos deixaram de poder pagar, e que tomou proporções gigantescas porque o valor das casas desvalorizou e muitas instituições financeiras entraram em ruptura, criando um efeito dominó no mercado.
A seguradora está presente no leasing (aluguer-venda) de aviões, nos empréstimos imobiliários e ao consumo e tem uma forte exposição, através da AIG Financial Products (AIGFP), a produtos de alto risco, credit default swaps (CDS), instrumentos financeiros que seguram os investidores contra a falta de cumprimento de um emissor de obrigações.

Entretanto, as acções do Washington Mutual, o maior banco de empréstimos e poupanças dos EUA, registaram uma forte queda depois de a Standard & Poor's ter cortado a notação da dívida para junk (sem valor).

Na Europa, onde já três bancos foram nacionalizados por causa da exposição ao subprime, o Halifax Bank of Scotland (HBOS) registou ontem uma forte desvalorização, mais de 40 por cento, por desconfiança dos investidores em conseguir fundos para refinanciar a dívida. O HBOS é o maior banco hipotecário do Reino Unido.

Mas as falências não são más para todos. Ontem mesmo, a resseguradora alemã Munich Re manifestava interesse em alguns activos da AIG e o banco inglês Barclays anunciou a compra ao falido Lehman Brothers de uma sociedade participada por dois mil milhões de dólares.
5º____________________________
A Morgan Stanley també está em risco. A administração pondera a venda ao banco Wachovia, decisão precipitada pela de queda DE 16 por cento dos títulos em Nova Iorque. Apesar de ter apresentado resultados líquidos trimestrais acima das expectativas, o banco de investimentos analisa se se manterá independente ou se envereda pela fusão com o Wachovia. É a tentativa de evitar mais uma falência de uma grande instituição financeira norte-americana, à semelhança do que aconteceu com o Lehman Brothers.
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(Fonte: Público)

Todas estas notícias acabam por mostrar que a economia está a chegar a um ponto de ruptura.
Quem é que nunca comprou nada a crédito?
Eu tenho um cartão de crédito que mal uso e pedi um crédito para comprar o meu computador portátil. Mas tenho o cuidado de gerir com cautela os meus gastos.

O que sucede hoje em dia não é nada disso.

Todos querem viver acima das suas possibilidades, ter uma casa que não podem pagar - mas o empréstimo resolve - ou ter um carro que não podem pagar - mas o empréstimo resolve - ou investir em acções que não podem comprar - mas o empréstimo resolve - comprar um computador, um telemóvel, um iPod que são muito pesados para o seu bolso - mas o empréstimo resolve - ou mobilar a casa com os sofás e móveis iguais aos do não-sei-das-quantas que é rico e são caros demais - mas o empréstimo resolve - ou comprar umas jóias à esposa, jóias caríssimas, caras até demais - mas o empréstimo resolve...

Antigamente era complicado obter um empréstimo.
Hoje em dia basta um NIB.
Aliás, hoje em dia nem é preciso pedir um empréstimo, o banco propõe!
Isto é rídiculo!

Há uns tempos recebi uma carta do meu banco a oferecer-me um empréstimo de, salvo erro, 4 mil euros. Rasguei e mandei para o lixo.

Pois bem, sensivelmente um mês depois, recebo uma chamada do banco em questão a perguntar se não teria recebido a carta. Eu disse que sim. Depois perguntaram se estaria interessado. Eu disse que não. Pergunta do outro lado da linha: "Mas posso saber porque não está interessado?". Simples, disse eu, porque não tenho nada em que gastar dinheiro.

Há um estímulo ao consumo exagerado do que se tem e do que não se tem. Um apelo ao endividamento que, pelo menos por enquanto, dá lucros absurdos à banca.
Mas atenção. Estas situações recentes servem de alerta.
Do lucro à falência parece que não há grande distância.


FOI PROFUNDO!

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