Um dos comentadores foi Camilo Lourenço, um fenómeno nacional como se pode ver no seu blogue. Não costumo concordar com as ideias do senhor, é muito técnico, é o típico homem que vê as coisas do topo, não se chega onde pode sujar as mãos ou apanhar poeira nos sapatinhos engraxados.
Entre cursos que abordam o direito, o jornalismo e a economia, é professor universitário e comenta tudo, desde bola a economia, até educação e sindicalismo, falta-lhe, por certo, auxiliar Teresa Guilherme ou Júlia Pinheiro nas apreciações aos participantes nos maravilhosos reality shows que a TV portuguesa tem oferecido.
Finda esta pequena alfinetada nessa raça que são os comentadores pagos (digo pagos para legitimar a minha mania de mandar constantemente o bitaite de forma gratuíta), venha o homem do bigode.
A minha vida cruzou-se com Mário Nogueira em 2002/2003, quando tive oportunidade de o entrevistar diversas vezes e em diferentes ocasiões: como sindicalista, como militante do PCP e como dirigente da secção de Patinagem da AAC.
Serve isto para dizer que não vejo Mário Nogueira como um homem que fica sentado à sombra da bananeira a aproveitar o sol do sindicalismo.
Não aprecio o papel de líder sindical. Não aprecio por diversas razões.
No Reino Unido existe uma coisa chamada NUT : National Union of Teachers. Union. É isto. A União faz a força. Pelo menos é esta a lógica.
Não concordo com esta posição de dirigente sindical que não exerce a profissão que representa.
E muito menos que seja avaliado como se estivesse a exercer.
Se, como aconteceu com Mário Nogueira, um professor que não dá aulas é avaliado com um Bom, qual é a legitimidade para dar nota inferior a um professor que tenha dado aulas?
Voltando à questão da união e pegando no seu significado, o sindicado deve existir, sim, para defender os interesses da classe, mas deve existir graças a um movimento unificado de profissionais e não graças a um ex-profissional que larga o seu ofício para ser dirigente. Até concordo que haja uma redução do número de horas de aulas para poder dedicar-se ao sindicato, mas não posso concordar que se troque a profissão pelo sindicato. Muito menos concordo com a avaliação do sindicalista que não exerce como se exercesse.
Continuando, a longevidade dos cargos sindicais também me parece censurável.
Isso virou carreira? Mas carreira de quê, quando, como disse antes, quem se dedica aos sindicatos deixa de lado o ofício que deu origem ao próprio sindicato?
Não só não concordo com a existência de um líder sindical como não concordo com a "Alberto-João-Jardinzação" das direções sindicais.
Os sindicatos não podem e não devem ser um paraíso para quem, no fundo, deixa a profissão cujos interesses vai representar e, muito menos se justifica que se perpetue a permanência nos cargos.
O propósito dos sindicatos é louvável, já o seu papel tem sido questionável.
Os sindicatos não servem para ser apenas do contra, devem assumir uma postura atenta, com uma visão crítica e desempenhando um papel construtivo. Não se pode viver a dizer "não" e "não" e "não". É necessário apresentar alternativas às propostas que vão contra aquilo que consideram ser os interesses dos trabalhadores.
Não me parece que isso seja o que se passa.
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