quarta-feira, dezembro 21, 2011

Sindicato Five

Esta semana apareceu uma reportagem interessante sobre Mário Nogueira e, de seguida, vários foram os comentários, muitos deles grátis, via Facebook, outros, na comunicação social, bem pagos.

Um dos comentadores foi Camilo Lourenço, um fenómeno nacional como se pode ver no seu blogue. Não costumo concordar com as ideias do senhor, é muito técnico, é o típico homem que vê as coisas do topo, não se chega onde pode sujar as mãos ou apanhar poeira nos sapatinhos engraxados.
Entre cursos que abordam o direito, o jornalismo e a economia, é professor universitário e comenta tudo, desde bola a economia, até educação e sindicalismo, falta-lhe, por certo, auxiliar Teresa Guilherme ou Júlia Pinheiro nas apreciações aos participantes nos maravilhosos reality shows que a TV portuguesa tem oferecido.

Finda esta pequena alfinetada nessa raça que são os comentadores pagos (digo pagos para legitimar a minha mania de mandar constantemente o bitaite de forma gratuíta), venha o homem do bigode.

A minha vida cruzou-se com Mário Nogueira em 2002/2003, quando tive oportunidade de o entrevistar diversas vezes e em diferentes ocasiões: como sindicalista, como militante do PCP e como dirigente da secção de Patinagem da AAC.
Serve isto para dizer que não vejo Mário Nogueira como um homem que fica sentado à sombra da bananeira a aproveitar o sol do sindicalismo.

Não aprecio o papel de líder sindical. Não aprecio por diversas razões.
No Reino Unido existe uma coisa chamada NUT : National Union of Teachers. Union. É isto. A União faz a força. Pelo menos é esta a lógica.
Não concordo com esta posição de dirigente sindical que não exerce a profissão que representa.
E muito menos que seja avaliado como se estivesse a exercer.
Se, como aconteceu com Mário Nogueira, um professor que não dá aulas é avaliado com um Bom, qual é a legitimidade para dar nota inferior a um professor que tenha dado aulas?

Voltando à questão da união e pegando no seu significado, o sindicado deve existir, sim, para defender os interesses da classe, mas deve existir graças a um movimento unificado de profissionais e não graças a um ex-profissional que larga o seu ofício para ser dirigente. Até concordo que haja uma redução do número de horas de aulas para poder dedicar-se ao sindicato, mas não posso concordar que se troque a profissão pelo sindicato. Muito menos concordo com a avaliação do sindicalista que não exerce como se exercesse.

Continuando, a longevidade dos cargos sindicais também me parece censurável.
Isso virou carreira? Mas carreira de quê, quando, como disse antes, quem se dedica aos sindicatos deixa de lado o ofício que deu origem ao próprio sindicato?
Não só não concordo com a existência de um líder sindical como não concordo com a "Alberto-João-Jardinzação" das direções sindicais.
Os sindicatos não podem e não devem ser um paraíso para quem, no fundo, deixa a profissão cujos interesses vai representar e, muito menos se justifica que se perpetue a permanência nos cargos.

O propósito dos sindicatos é louvável, já o seu papel tem sido questionável.
Os sindicatos não servem para ser apenas do contra, devem assumir uma postura atenta, com uma visão crítica e desempenhando um papel construtivo. Não se pode viver a dizer "não" e "não" e "não". É necessário apresentar alternativas às propostas que vão contra aquilo que consideram ser os interesses dos trabalhadores.
Não me parece que isso seja o que se passa.




Sem comentários:

Dispenso...

Porque tudo o que é dito é dispensável...
Porque tudo o que é escrito é dispensável...

Este é um blog onde se fala a sério e se brinca.
Quem não goste de ironia ou sarcasmo que feche esta página rapidamente!
Aqui ninguém tem razão.
Eu não pretendo estar certo, pretendo observar e pretendo fazê-lo de uma forma atenta e crítica...de uma forma dispensável.

Dispenso...um blog dispensável.

pessoas já dispensaram um tempinho para dar uma espreitadela