segunda-feira, maio 24, 2010

A opinião

Já dizia o Herman, numa das suas rábulas, que as opiniões são como as vaginas, cada um tem a sua e quem quiser dá-la, dá-a.

A opinião tem algo de especial, é subjectiva, o facto de cada um ter a sua opinião faz com que ela seja muito própria, muito particular. Em alguns casos, a opinião pode não ser certa ou errada, noutros, mesmo sendo certa acaba por ter contornos errados.

Assim, resolvi abordar a questão da opinião por dois prismas. Os "fazedores" de opinião profissionais e o boom de "fazedores" de opinião.

Estes últimos são uma "raça" que proliferou com os blogues e parece ter conferido a todo e a cada um (incluindo este vosso amiguinho) o hábito de partilhar certos pontos de vista e, em muitos casos, uma confiança exacerbada que faz com que muitos achem que têm algo importante, interessante e acertado para partilhar com quem ouve ou lê o que publicam.

Ora, o grande problema da subjectividade pode resumir-se a uma frase de Ortega y Gasset: "eu sou eu e a minha circunstância". Isto não é mais do que dizer que o que nós dizemos ou pensamos está relacionado com a nossa experiência de vida e o saber adquirido e acumulado. Por isso, é mais que óbvio que duas pessoas com vivências distintas possam opinar de diferentes formas sobre o mesmo tema. Nuns casos não há certo ou errado, noutros casos há o velho problema da falta de informação.
Deste modo, uma divergência de opiniões pode ser enriquecedora mas pode também traduzir alguma ignorância.

Dentro destes "opinion makers" de trazer por casa (grupo em que me incluo) há aqueles que são movidos por paixões e inclinações, sejam clubísticas, partidárias ou profissionais. Não é de estranhar que cores políticas e cores clubísticas originem visões e opiniões distintas.

Acho positiva a partilha de pontos de vista na blogosfera, pode dar-nos a possibilidade de observar o mundo e as suas ocorrências de formas que, provavelmente, nunca nos teriam ocorrido. É enriquecedor, não só porque podemos, por um lado, considerá-las um complemento, como, por outro, pegar no que achámos errado e construir um novo capítulo da nossa observação ao repensar o nosso ponto de vista ao desmontar as teorias alheias que nos parecem erradas.

Depois, e voltando aos "opinion makers" da nossa praça, temos que reconhecer que, na sua grande maioria, são pessoas habilitadas para produzir as suas opiniões. Na sua maioria porque há alguns indivíduos que não perceberam que há uma coisa chamada liberdade de expressão e há o direito ao silêncio. Muitas vezes deviam levar em conta que ficariam muito melhor calados ou quietos.

Porque temos Rebelo de Sousa e Vitorino a dar-nos os seus sermões inteligentes mas, em muitos casos, carregados de parcialidade?
Porque se tem uma comunicação social a passar uma imagem de imparcialidade mas, em sentido contrário, a impingir ao povo de forma regular informações e opiniões com um travozinho a parcialidade?

Pegando no desporto, como se explica a proliferação de comentadores que ninguém sabe quem são ou que são ex-praticantes?

Nos casos referidos há uma questão que me parece pertinente: nem o saber teórico confere a uma pessoa talento para comentar de forma acertada e o mesmo se deve aplicar aos que possuem o saber vindo da prática.

Se um bom aluno não tem de dar necessariamente um bom professor e um professor não tem obrigatoriamente de ter sido um bom aluno, julgo que fica claro que o mesmo se aplica aos comentadores e "fazedores" de opinião.

Já me esquecia do terceiro tipo de opinadores: os dos leitores de jornais e blogues online.
É triste e deprimente ler uma notícia ou um artigo de opinião e depois cometer o erro de descer um pouco mais e tentar ler a imitação de português que muitos publicam achando que estão a fazer uma grande coisa.
A sede de se dizer o que pensa dá, na maior parte das ocasiões, em asneira.
A menos que se entre no website do Expresso e se vá deixar uma ou outra linha nos artigos do Henrique Raposo. "A tempo e a desmodo" talvez seja o pior exemplo do que é o tempo de antena concedido a quem ousa partilhar a sua opinião de forma paga e supostamente profissional.

Em jeito de conclusão, não me causa qualquer confusão observar a proliferação de comentadores na blogosfera, mas parece-me cada vez mais assustador notar a falta de qualidade de quem é pago para nos faz chegar periodicamente o seu ponto de vista com fraca qualidade, pouco poder de análise e visão parcial ou curta.


FOI PROFUNDO!

2 comentários:

Maria disse...

Só tenho pena que não me paguem para oPinar!

Maria disse...

Psiu, porque deixaste de escrever? Porque está um blog destes abandonado? Porque é que quando te comento, fazes parecer a história da caroxinha e do lobo mau?
Porque é que...

Por hoje chega de perguntas.

Dispenso...

Porque tudo o que é dito é dispensável...
Porque tudo o que é escrito é dispensável...

Este é um blog onde se fala a sério e se brinca.
Quem não goste de ironia ou sarcasmo que feche esta página rapidamente!
Aqui ninguém tem razão.
Eu não pretendo estar certo, pretendo observar e pretendo fazê-lo de uma forma atenta e crítica...de uma forma dispensável.

Dispenso...um blog dispensável.

pessoas já dispensaram um tempinho para dar uma espreitadela