terça-feira, agosto 25, 2009

Especial(istas)

Foi preciso chegar aos 29 anos para ir a um festival de Verão, mas posso garantir que valeu bem a pena.
Fui ao Festival do Sudoeste, edição 2009, e posso garantir que quem não foi perdeu um dos melhores concertos de sempre.
Os Faith No More são uma das bandas que eu mais ouvia durante a adolescência e, já então, eu achava que o Mike Patton era maluquinho. No SW09 confirmei que o homem é doido mas também confirmei que os FNM são gigantes em palco e o senhor Patton é um monstro que tem uma voz e uma presença em palco difíceis de encontrar.

Ora, mas serve isto para introduzir o que realmente quero expor.

Findo o Sudoeste (que para mim, e por motivos laborais, começou mais tarde e acabou mais cedo), veio a hora de ver as apreciações de quem sabe de música e de quem sabe de festivais.

Portanto, o SW agora já não vale nada, quer pelas pessoas que lá vão, quer pela organização.
Isto foi o que eu li.
Por acaso, não concordo.
Embora não perceba o porquê de colocarem várias bandas de Reggae. Eu rio-me com a capacidade da malta que fica horas em frente ao palco de Reggae...e quando muda a música parece que ainda estamos na mesma... e muda o grupo e parece que estamos na mesma música... e muda o dia e ainda parece que alguém deixou o CD no 'repeat'...
Mas isto é a minha opinião enquanto apreciador não especialista em música.
Ah! E eu não desgosto de Reggae.

Gosto muito de ler aqueles textinhos de quem acha que o Sudoeste AGORA é só criançada. Bem, antes também era. Mas há gente que se esquece que os anos passam.

Mas bom mesmo é poder aprender que agora Franz Ferdinand já não presta. E The Killers também não. Estava a ver se me lembrava de quem eram os outros que também tinham sido contemplados com esta perda de qualidade mas passou-me.

Isto faz-me lembrar de, há uns bons anos atrás, quando os Smashing Pumpkins lançaram o álbum Siamese Dream e eram os maiores. Depois foi saindo mais um e outro e outro álbum e eu "descobri" (através de quem percebe de música) que os Smashing Pumpkins já não eram a mesma coisa, já não eram bons. E a explicação? Tornaram-se comerciais.

Espera!

A lógica é:
vendem pouco - não são comerciais - são bons.
vendem muito - são comerciais - não são bons.

Ah! Pronto! Já percebi!

Os génios têm de ser incompreendidos.
Quando há muita gente a seguir um génio ele deixa de o ser porque isso significa que já há muita gente a compreender.
Está posta de parte a hipótese de haver muita gente incompreendida que se compreenda.
Isso não existe na música!

Aliás, eu acho que a lógica do especialista em música é mais algo que se define do seguinte modo: enquanto um grupo é pouco conhecido e a sua música é pouco divulgada, esse grupo é novidade, é um diamante em bruto e, a melhor parte, foi descoberto pelo especialista. Depois de se espalhar e ser apreciado por muitos, o especialista sente-se traído. O seu diamante esta a ficar polido e brilhante, já não é a mesma coisa, logo é mau.

Lógica:
diamante em bruto - bom
diamante polido - mau.

Nota: Este tipo de lógica não se aplica a bandas de culto como os Rolling Stones.

Juízo teve o Kurt Cobain.
Sabendo deste tipo de comportamento, pensou: "Epá! Andamos a vender demasiado! Qualquer dia ainda dizem que os Nirvana já não prestam!". E ZÁS!, matou-se.
Já outros tinham percebido o mesmo uns anos antes.
Elvis ou Jim Morrison, por exemplo.

O engraçado é que eles perceberam isto e, coincidência das coincidências, andavam encharcados em droga e álcool. Mas devia ser por razões medicinais...

Eu gosto de música.
Não percebo de música.

Deve ser por isso que eu penso que a meia dúzia de faixas de jazz de improviso de John Zorn que são catalogadas como pérolas musicais, não são mais que uma forma que Zorn encontrou para gozar com quem se apresenta como musicólogo, ou crítico de música. Ou então estava a hiperventilar quando encostou a boca ao instrumento. Ou estava bêbado. Ou a sentir-se mal.

Mas eu não percebo de música...
Deve ser por isso que me apanham numa noite de terça-feira de Queima das Fitas e me divirto a ouvir Quim Barreiros, que vou ao Maxime só para ver o Manuel João Vieira e os seus Irmãos Catita; ou que no meu carro tenho misturados Nitin Sawhney, O Rappa, Foo Fighters, Blasted Mechanism com Metallica, The Killers, Metric e Korn, com um bocado de Maria Rita e Serj Tankian, Zero 7, Sugar Ray e Terrorvision lá metidos.
E confesso que já consigo ouvir Jeff Buckley e Sufjan Stevens, o que é capaz de me colocar nas boas graças dos entendidos!



FOI PROFUNDO!

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