domingo, dezembro 23, 2007

Maddie - o negócio do ano

Anedota : Dez crianças foram jogar às escondidas.
Como se chama a vencedora?
Madeleine...ainda ninguém a encontrou!

Tem graça?
Não tem?
Tudo depende da forma como cada um encara a vida.

No fundo esta piada (que, para alguns, não ter piada) serve para introduzir a minha visão da história da Maddie.


A menina desapareceu, surgiram diversas versões relacionadas com a explicação do desaparecimento da pequena e, durante um período de um a dois meses, o caso dominou a abertura dos telejornais e as capas dos jornais diários... e não foi apenas dos tablóides sensacionaistas, nem apenas exclusivo nacional.

A páginas tantas havia quase uma troca de mimos entre os jornais portugueses e os britânicos, uma questão de nacionalismos que teve como principais elementos de "interesse" a incompetência das autoridades portuguesas e os testes de ADN feitos em laboratórios ingleses que nunca ninguém soube onde foram feitos ou se foram feitos.

A páginas tantas dei com uma publicação que vinha com uma revista cor de rosa (cortar o cabelo tem estas benesses). Páginas e páginas sobre a evolução da história de Maddie.

Todos os dias surgiam e continuam a surgir novos relatos de alguém que viu a menina, de alguém que viu alguém com a menina...e tudo isto nos mais estranhos pontos do planeta.

E livros?

Em pouco tempo vi pelo menos 4 livros sobre a Maddie, sobre os pais da Maddie, sobre os amigos dos pais da Maddie e sobre o raio que o parta que tem a ver com a Maddie.

Os pais da Maddie também são umas pessoas impecáveis. Desde a ida ao Vaticano, os passeios pela Península Ibérica e campanhas de angariação de fundos para as buscas, os McCann andam por todo o lado a recolher dinheiro.

Isto, já para não falar em magos, bruxas, adivinhos, tarólogos e detectives privados que se multiplicam em promessas de encontrar a pequena Madeleine num prazo de X meses.

Maddie é um fenómeno económico fabuloso, uma fonte que gera receitas de uma forma vil e aproveitadora de uma tragédia que não sabemos se ja teve um desfecho ou se algum dia o vai ter ou até se algum dia alguém vai saber se teve um desfecho e qual foi.

Alguém quer saber o que aconteceu à pequenina loirinha? Acho que sim. Mas só mesmo aquelas pessoas que gastam o seu dinheirinho a comprar as revistas, jornais e os livros de quem apenas vê cifrões com a desgraça da menina britânica que já teve mais atenção em Portugal do que as restantes crianças desaparecidas no país até aos dias de hoje.

FOI PROFUNDO!

domingo, dezembro 02, 2007

A Bola...na trave

É por causa de situações como a que se segue que eu acho que falta fazer uma reforma na comunicação social (em geral) e no jornalismo (em particular).
Não é à toa que existe uma diferença entre ter uma licenciatura e não a ter.
Tudo bem que a maior parte das pessoas que dirigem as redacções, mesmo que não tenham um canudo, têm uma larga experiência... o que, nestes casos, acaba por não querer dizer nada.

Veja-se:


Muito lindo e com muita piada, não?

Quaresma leu a sina.

Quem lê a sina?

Os ciganos.

O Quaresma fez algo típico dos ciganos.


Ui...Estereótipos!
Sabem o que são?
Aquelas coisas com as quais devemos ter cuidado enquanto jornalistas...

Daqui a nada vão começar com títulos tipo

"Adu roubou-lhes a vitória"

Pois...é preto, logo é ladrão!

Ou melhor!

"Hussein rebentou com adversário bracarense"

Sim, porque ele é árabe e os árabes têm todos a mania de se fazerem explodir!

Em suma, na faculdade alertam-nos para o perigo de usar certas expressões discriminatórias (mesmo que a pessoa em causa tenha muito orgulho nas suas características particulares), algo que vemos de quando em vez ser usado nos noticiários (por exemplo) ou nos jornais: "o indivíduo de etnia cigana" "o alegado raptor é um emigrante de leste"...são expressões que não se devem usar. No máximo dos máximos descreve-se fisicamente, se for necessário alertar a população caso seja alguém a fugir das autoridades.

Agora esta do Quaresma foi a pura demonstração do que não se deve fazer.

Eu continuo a achar que devia haver uma reforma do jornalismo em Portugal, algo com pés e cabeça. Custa muito blindar a profissão? Ou será que ser jornalista é assim tão diferente de ser arquitecto? "Sabes desenhar? Toma lá um lápis e faz uma casa." É mais ou menos esta a grande barreira que tem de ser atravessada para se ser jornalista hoje em dia.

Que sentido faz ter licenciaturas a preparar e qualificar as pessoas se depois não existe o pré-requisito da licenciatura (em jornalismo) para se ser jornalista?

Porque não promover uma mudança e já? Porque não impôr algo do género "muito bem meus meninos, a partir deste ano só é jornalista quem tem o curso. Quem já está "dentro do circo" que fique, mas que se crie um "ano zero" a partir do qual se crie uma blindagem da profissão.

Digo eu...que sou licenciado em jornalismo e, como tal, suspeito.


FOI PROFUNDO!

Dispenso...

Porque tudo o que é dito é dispensável...
Porque tudo o que é escrito é dispensável...

Este é um blog onde se fala a sério e se brinca.
Quem não goste de ironia ou sarcasmo que feche esta página rapidamente!
Aqui ninguém tem razão.
Eu não pretendo estar certo, pretendo observar e pretendo fazê-lo de uma forma atenta e crítica...de uma forma dispensável.

Dispenso...um blog dispensável.

pessoas já dispensaram um tempinho para dar uma espreitadela