quinta-feira, outubro 22, 2009

Graças a Deus!

Não sou fã de Saramago. Não sou mesmo. Acho que o homem tem ataques estranhos de “xexézice” e também acho que o facto de ele ser um escritor reconhecido não faz dele uma pessoa inteligente. É um motivo de orgulho para o povo português como escritor que ganhou um Nobel mas podemos parar por aí. Tudo o resto depende dos gostos de cada um.
Acho que ele deve ser criticado por ter abandonado Portugal e ter ido morar para Espanha. Acho sim. Acho que o argumento que usou dizendo que paga os impostos a horas é infeliz. Parece que o sentimento de amor à pátria pode ser comprado. Aliás, nem é comprado, parece que é uma grande coisa um tipo cumprir com as suas obrigações!
Infeliz mesmo foi o artista do PSD, o eurodeputado Mário David, que convidou Saramago a renunciar à cidadania portuguesa. Provavelmente o senhor David (como o da Estrela dos judeus) ainda não reparou que o Estado português é laico, ou seja, a religião está de um lado, o Estado está do outro. A nação portuguesa aceita todas as religiões, respeita-as e não segue nenhuma. Cada um tem liberdade para seguir a sua religião ou para não seguir nenhuma.
Provavelmente o senhor Mário David julga que somos um país daqueles que segue o Corão e é dirigido por líderes espirituais. A atitude do eurodeputado é de uma falta de consciência a toda a prova! Não só pelo retrocesso temporal à época do “Deus, Pátria, Família”, mas também pela idiotice de convidar um português que ganhou um Nobel e tem tido uma voz activa, a renunciar à sua nacionalidade lusa.
Aqui gostamos mesmo é de dizer que o Figo e o Ronaldo são um orgulho para o país. Agora um gajo que escreve e pensa? Credo? Quantos toques seguidos consegue dar com uma bola?
Pegando na questão religiosa, eu sou baptizado, ateu e pondero a hipótese de me casar pela igreja….um dia. Logo, sou um incoerente. É verdade, eu admito-o. Mas eu não tenho a certeza de nada. Eu duvido. Pronto. Sobretudo duvido da instituição Igreja e da forma como actua e censuro a sua longa história.
Com que então não concordam com a parte em que Saramago diz que “O Deus da Bíblia não é de fiar: é vingativo e má pessoa”?
Pessoalmente acho o Deus da Bíblia um gajo porreiro.
Vejam se vos faz lembrar alguma coisa:
1) Vou fazer um filho a uma virgem que é casada (mas como sou eu não é pecado) e depois mando-o espalhar a minha palavra. Quando ele tiver boa idade mando-o levar umas chibatadas, deixo que o preguem a uma cruz e lhe metam uma bonita coroa de espinhos. Mas isso é porque as pessoas são más e ele vai pagar pelos pecados deles. Ah! Depois ele morre (mas é por uma boa causa) só que 3 dias depois faço-o voltar dos mortos para espetar um cagaço à mãe e depois deixo-o desaparecer de novo.
2) Pessoal, eu sou o Moisés e vou levar-vos a um sitio brutal. Em principio vamos conseguir passar no meio do mar mas isso é se vocês se portarem bem e não adorarem nada a não ser Deus. Nada de adorarem figurinhas em madeira ou metais preciosos ok? Eu vou ter de ir fazer uma mijinha ao monte e vou ver se falo com Deus. [Moisés vai ao monte, volta com duas placas com 10 mandamentos e o resto da malta está numa orgia incrível] Epá! Ó pessoal, eu disse-vos para não fazerem essas cenas! O que vale é que Deus não é vingativo nem má pessoa e agora vai castigar-vos mas é só para o vosso próprio bem.
3) Olá, eu sou Deus e fiz-vos a todos à minha imagem. Embora alguns de vocês tenham sido feitos depois (ou durante) uma noite de bebedeira e o resultado tenha ficado visivelmente afectado… Eu fiz aqui uma listinha de coisas que vocês devem e não devem fazer e se vocês as cumprirem vêm para um sítio altamente a que eu decidi chamar céu ou paraíso. Se vocês se portarem mal, vão para o Inferno. Eu criei a Terra e tudo o que nela existe e também criei o Inferno e meti lá o Mefisto, o Belzebu, o Diabo, o Cornudo. É que eu sou tão poderoso que em vez de criar tudo bem criadinho resolvi deixar margem de manobra para alguns de vocês fazerem asneira e também resolvi criar o destino para quem se porta mal. É claro que o Inferno e o Diabo representam o Mal e eu só criei o Bem e criei o Homem e o Homem é que decide o seu caminho mas o Inferno existe e pelos vistos fui eu que o criei. Tenho de deixar de beber. Beijos. Deus.
4) Furacões, Tufões, maremotos, vulcões, homicídios, genocídios, pragas, epidemias, SIDA, fome, guerra… Isso foi o Homem que criou. Incluindo as catástrofes naturais. O Homem criou-as no sentido em que faz asneiras e eu tenho de arranjar um castigo. É claro que é pedagógico, não estou a ser mau ou vingativo.
5) As Cruzadas e a Santa Inquisição foram responsabilidade humana. Deus estava a dormir e o Homem resolveu começar isso nas costas dele. Foram erros de interpretação e Deus só sabe criar coisas ou criar castigos divinos, não sabe acabar com “cenas” religiosas.
6) O facto das igrejas (edifícios) serem locais onde se espalha a palavra do Senhor e o Senhor defender a riqueza de espírito, não impede que grande parte das igrejas ostentem uma riqueza imensa, entre ouro e pinturas e esculturas… E é preciso dar esmolinhas. Mas é para ajudar a Igreja…a ajudar quem precisa. É claro que os templos, mesmo os mais recentes, são feitos à imagem da palavra do Senhor.
A generalidade das histórias da Bíblia usam uma pedagogia que assenta em descrições de recompensas por bom comportamento e castigo por mau comportamento. E as fábulas contadas dão razão a Saramago. Todas elas têm contornos de malvadez, de vingança, tal como têm de recompensa. A forma como se tentam passar os valores positivos não é lá muito positiva.
O Objectivo da Bíblia é bom, é louvável. A forma como conta as histórias para se retirarem lições de vida é que leva Saramago a dizer, e acertadamente, que Deus é mau e vingativo.
E porque não?
Não é a Bíblia que diz que fomos feitos à imagem de Deus? E não temos todos um lado mau e vingativo? O que Saramago se esqueceu de dizer foi que a Bíblia tenta que não sejamos maus ou vingativos e tenta ensinar-nos a ser bons para o próximo.
E disto fala alguém que mal conhece os dois testamentos, novo e o antigo.
No entanto, conheço a história da religião e da Igreja Católica e não sou fã. Assim como não sou fã de Saramago. Gostei do Ensaio Sobre a Cegueira e de resto acho que o senhor gosta de se fazer difícil de ler.
Ainda assim, e pagando no que dizia anteriormente, o que Saramago escreve é a visão dele, é ficção! Aquilo que ele diz é a opinião dele, como tal está carregada de subjectividade. Um indivíduo pode veicular a percepção que tem das coisas sem ter necessariamente de estar certo. Aliás, qualquer religião é facilmente criticável. Pela história e pela actualidade. Vamos pegar em todas as falhas das várias religiões e podemos passar gerações a editar livros.
Porque se critica Saramago quando ele vê apenas o lado mau de Deus e não se critica a Igreja que apenas o apresenta como uma perfeição de divindade? Porque é que o que o Homem faz mal é culpa sua e tem de penitenciar e o que faz de bom tem de agradecer a Deus?
Não vos parece estranho?
Porque é que um jogador de futebol marca um golo e agradece a Deus e quando falha não lhe exige responsabilidades também? Porque é quando alguém faz um teste ou um exame e corre bem há quem responda “correu sim, graças a Deus” e quando corre mal é “azar”? Porque é que quando fazemos uma viagem longa e tudo corre bem a nossa avó diz “ai que bom, graças a Deus que tudo correu bem” e quando alguém tem um acidente é por causa do óleo da estrada ou por causa do “boi” que nos bateu e que não sabe conduzir? Porque é que quando há uma catástrofe, morrem centenas ou milhares de pessoas e aparece uma criancinha viva lá no meio foi “graças a Deus”…e os outros todos que foram desta para melhor? E porque é que quando se morre se vai para melhor?
E há um sindicato de Deuses? Um que atira com os Dez Mandamentos e outro que manda apedrejar o pessoal e cortar membros? Um que diz que só se pode copular para reprodução e outro que diz que as mulheres têm de andar todas tapadas. E porque é que há religiões em que se acredita em reencarnação mas nunca ninguém disse “olha, eu sou o teu vizinho e reencarnei nesta loira boazona. Seria possível devolveres o meu corta-relva?”? E quando alguém diz que é a reencarnação de não sei quem (normalmente é sempre de alguém com poder) leva logo com o descrédito da população? Porque é que existe aquela frase “vinde a mim as criancinhas pois é delas o Reino de Deus” e há padres que aproveitam a dica para lhes ensinarem o que é a pedofilia? Porque é que há religiões que acreditam que um elefante escreveu um livro? Porque é que em certa religião as vacas são sagradas mas as mulheres não têm direito a nada?
Não acho que valha a pena estar a malhar só no Saramago ou só na Igreja e na Religião quando são ambos tão bons para criticar. Ambos têm as suas virtudes e defeitos reconhecidos, mas todos sabemos que neste mundo só sabemos apontar o que está mal. Não sei se é pela malvadez de apontar o dedo ao outro ou se é com a generosidade de quem tenta mostrar o que está mal para dar a oportunidade de mudar. Na realidade, ninguém leva uma palmadinha nas costas porque não comete um crime. É de esperar que não se cometam crimes. Ninguém leva os parabéns porque trata bem a família. Não é suposto tratar mal a família. Obviamente que o oposto é sempre de assinalar. Acho que é meio óbvio.
Eu cá vou continuando com as minhas dúvidas e incertezas, vivendo neste mundo em que é mais provável encontrar uma pessoa que acredite em anjos e em Deus do que uma que ache que um teste cientifico é fiável.
Quanto a Saramago, acho que depois de tanta publicidade ele bem pode agradecer a Deus pelos resultados que vai obter com as vendas do livro “Caim”.
Ah! Obviamente que isto é a minha opinião, não é uma notícia ou um artigo cientifico, não há aqui rigor académico, não existe menção de bibliografia consultada, não me apresento como um especialista em coisa nenhuma.


FOI PROFUNDO!

Proença-a-Maitê

É complicado começar uma dissertação quando há tanto que dizer sobre um assunto tão tolo como o que foi espoletado pelo aparecimento do vídeo de Maitê Proença.
1) Grande lata tuga! Com tudo o que se diz sobre os brasileiros (e especialmente sobre as brasileiras) é preciso ter uma enorme “cara de pau” para vir com as criticas que se ouviram e leram! E não sei o que é mais criticável. Aqueles que falam sempre mal dos brasileiros e mal podem vão passar férias a terras de Vera Cruz ou aqueles que falam sem qualquer conhecimento de causa do que é o Brasil como nação.
2) A mesquinhez de quem diz que Maitê cuspiu num monumento nacional. Não, o que ela fez foi estúpido, é verdade, mas ela estava a tentar imitar o repuxo. Foi infantil, isso sim.Dificilmente iria conseguir fazer o repuxo com saliva. Cuspir ou escarrar para o chão é um bom hábito tuga. Onde vai cospe para o chão, escarra e se puder também faz uma mijinha no canto mais próximo. E não está preocupado se é monumento nacional ou não! Santa hipocrisia!
3) Tendo morado no Brasil reparei que o normal é contarem as mesmas piadas de portugueses que nós contamos sobre alentejanos ou loiras. Uma parte da população conta piadas porque lhas contaram e acham que os portugueses têm todos bigode e se chamam Joaquim ou Manuel e não tomam banho. Por norma são analfabetos. Há uma outra parte que tem conhecimento de vários factos sobre Portugal e conta as anedotas com o mesmo espírito com que os portugueses contam as anedotas de alentejanos. Outra parte conta anedotas sobre portugueses de uma forma maldosa, encarando os portugueses como invasores, povo colonizador e agressores, contam-nas com ressentimento e maldade. Mais ou menos como se contavam aqui pelo burgo as típicas anedotas que começavam por “era uma vez um português, um francês e um inglês”. Este tipo de piadas é baseado num estereotipo (em boa regra um estereotipo está errado no sentido em que generaliza sem ter em atenção determinadas particularidades e raramente se actualiza) e tal como o alentejano é preguiçoso e a loira é burra, o português é burro e preguiçoso e não toma banho e tem bigode e diz “pá” em todas as frases. Já o brasileiro é ladrão, é mentiroso, é fingido e trapaceiro. Ou então dedica-se à prostituição. Aliás, todas as brasileiras se dedicam à prostituição. Há umas que são telefonistas. Mas são putas nos tempos livres. Outras são publicitárias. Mas putas nos tempos livres. E umas são massagistas. Mas é só uma fachada porque em boa verdade são putas. E mesmo as executivas são putas. Putas finas. Já para não falar que todo o brasileiro é um filho da puta. Especialmente se for jogador de futebol e falhar um golo ou marcar à nossa equipa. A sério, acham mesmo que o que a Maité disse foi assim tão mau? Pensem bem.
4) Relativamente ao desconhecimento de Maité sobre factos da História de Portugal, acho normal. Também acho que quando não se sabe mais vale estar calado. Mas devo referir que acho incrível o nível de conhecimentos sobre Portugal que têm muitos estudantes universitários brasileiros. Obviamente que o que a senhora disse foram calinadas de meia-noite, mas será motivo para tanta indignação? Aposto que muito do povão que lançou as mais ferozes farpas à actriz não deve saber muito mais que qualquer brasileiro com pouca cultura sobre a história nacional.
5) Acho ridículo o ódio que se coloca em determinadas interpretações luso-brasileiras. Os portugueses adoram passar férias no Brasil, montar negócios no Brasil e também veneram jogadores brasileiros e muitos portugueses recorrem a “profissionais” brasileiras…da mesma forma que recorremos à criatividade dos publicitários brasileiros, que metemos um brasileiro à frente da TAP, que se devoram novelas brasileiras ou que se ouve música brasileira aos pontapés. Os brasileiros gostam de vir trabalhar e estudar em Portugal e gostam de receber os euros portugueses, vivem a experiência religiosa que os portugueses levaram para o lado de lá do oceano de uma forma fervorosa… e falar nas raízes portuguesas ou de dizer que gostam muito de fado e que o Cristiano Ronaldo é lindo!
6) Não entendo porque surgem os movimentos para boicotar as novelas e projectos em que entre a Maitê Proença. Há 8 anos ou mais que não vejo novelas. Aliás, não há nada mais irritante do que eu a perguntar aos meus pais “mas esse afinal é casado com quem?” enquanto eles seguem avidamente mais uma historieta made in Brasil. Eu optei por não ver mais novelas brasileiras ou portuguesas e estou satisfeito com a minha opção. Se não querem ver novelas com a Maité têm bom remédio. Vão ver as belas novelas tugas com banda sonora do Toy ou do Paulo Gonzo, com actrizes e actores fraquinhos à mistura com o Ruy de Carvalho…
7) Por fim, relembro um programa do Gato Fedorento em que a Maité esteve simplesmente soberba e toda a gente riu. É claro que isso era no Gato Fedorento. Porque, como dizia há uns tempos um comediante americano, o Eddie Murphy pode gozar com os pretos. Ele é preto! Já um branco a gozar com pretos é racismo. Mesmo que digam o mesmo. O problema aqui é quem disse, não é o que foi dito.
8) Não batam mais na Maitê. A senhora anda ou andou metida com o Miguel Sousa Tavares. Acho que deve ser difícil arranjar castigo mais cruel.

FOI PROFUNDO!

Dispenso...

Porque tudo o que é dito é dispensável...
Porque tudo o que é escrito é dispensável...

Este é um blog onde se fala a sério e se brinca.
Quem não goste de ironia ou sarcasmo que feche esta página rapidamente!
Aqui ninguém tem razão.
Eu não pretendo estar certo, pretendo observar e pretendo fazê-lo de uma forma atenta e crítica...de uma forma dispensável.

Dispenso...um blog dispensável.

pessoas já dispensaram um tempinho para dar uma espreitadela