terça-feira, janeiro 27, 2009

TGV = Também Gosto de Velocidade?

Mais um email recebi e mais um post de reacção.

"Há uns meses optei por ir de Copenhaga a Estocolmo de comboio. Comprado o bilhete, dei comigo num comboio que só se diferenciava dos nossos Alfa por ser menos luxuoso e dotado de menos serviços de apoio aos passageiros.
A viagem, através de florestas geladas e planícies brancas a perder de vista, demorou cerca de cinco horas.
Não fora ser crítico do projecto TGV e conhecer a realidade económica e social desses países, daria comigo a pensar que os nórdicos, emblemas únicos dos superavites orçamentais, seriam mesmo uns tontos. Se não os conhecesse bem perguntaria onde
 gastam eles os abundantes recursos resultantes da substantiva criação de riqueza.
A resposta está na excelência das suas escolas, na qualidade do seu Ensino Superior, nos seus museus e escolas de arte, nas creches e jardins-de-infância em cada esquina, nas políticas pró-activas de apoio à terceira idade. Percebe-se bem porque não construíram estádios de futebol desnecessários, porque não constroem aeroportos em cima de pântanos nem optam por ter comboios supersónicos que só agradam a meia dúzia de multinacionais.
O TGV é um transporte adaptado a países de dimensão continental, extensos, onde o comboio rápido é, numa perspectiva de tempo de viagem/custo por passageiro,
 competitivo com o transporte aéreo. É por isso, para além da já referida pressão de certos grupos que fornecem essas tecnologias, que existe TGV em França ou Espanha (com pequenas extensões a países vizinhos). É por razões de sensatez que não o encontramos na Noruega, na Suécia, na Holanda e em muitos outros países ricos. Tirar 20 ou 30 minutos ao Lisboa-Porto à custa de um investimento de cerca de 7,5mil milhões de euros não terá qualquer repercussão na economia do País.Para além de que, dado hoje ser um projecto praticamente não financiado pela União Europeia, ser um presente envenenado para várias gerações de portugueses que, com mais ou menos engenharia financeira, o vão ter de pagar.
Com 7,5 mil milhões de euros pode construir-se mil escolas Básicas e Secundárias de primeiríssimo mundo que substituam as mais de cinco mil obsoletas e subdimensionadas (a 2,5 milhões de euros cada uma), mais mil creches inexistentes (a 1 m
ilhão de euros cada uma), mais mil centros de dia para os nossos idosos (a 1 milhão de euros cada um). Ainda sobrariam cerca de 3,5 mil milhões de euros para aplicar em muitas outras carências, como a urgente reabilitação de toda a degradada rede viária secundária."


É difícil não partilhar da opinião do autor deste texto, no entanto há que deixar duas ou três perguntas no ar:
1) As decisões que levaram ao projecto do TGV remontam a um governo anterior, um governo do PSD. Logo, será que os militantes laranja podem criticar este projecto? Será o talento para decisões megalómanas um mal comum a todas as forças políticas do nosso território nacional?
2) O projecto do TGV é um projecto que envolve os dois países ibéricos. Daqui se pode concluir que o que se faz do lado português está condicionado pelo que se faz do lado espanhol e o que se faz do lado espanhol condiciona o que é para ser feito do lado português. Acho que até aqui não há dúvidas. Então, se quando o projecto foi delineado ficou previsto que a parte do projecto português e a parte do projecto espanhol estivessem articuladas, é natural que não haja muito por onde escapar. Aliás, o governo espanhol já alertou para o facto do trajecto/traçado do TGV espanhol ter sido projectado para continuar para Portugal, caso contrário teria sido feito de outra forma, presumo eu que seria menos dispendiosa. Será possível, dadas estas condicionantes, voltar atrás com o TGV em Portugal?
3) Será que os autarcas portugueses sabem o que é o TGV? Será que sabem qual a sua particularidade que o distingue relativamente a, por exemplo, um comboio Alfa? Será que quando exigem que o TGV pare em determinadas cidades eles sabem que isso vai fazer com que o TGV ande a uma velocidade inferior ao previsto e ao que seria normal?
4) O TGV ibérico vai fazer com o que o transporte de pessoas e bens (expressão bonita!) seja feito de forma mais rápida entre Portugal e Espanha. Isso significa que vai aumentar a entrada de produtos espanhóis em Portugal e a entrada de produtos portugueses em Espanha. Vamos ser inundados de mais produtos vindos do lado de lá da fronteira? O balanço entre importações e exportações que virá com o TGV será positivo ou negativo para o nosso país?


FOI PROFUNDO?

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