terça-feira, dezembro 01, 2009

MST: versão Velho do Restelo

O meu profundo amor e admiração por Miguel Sousa Tavares conhece um novo capítulo.
Não só continua a partilhar a sua visão parcial, redutora e generalizante, como gosta de ser mais papista que o Papa, juntando a isso o velho hábito de cuspir no prato onde come.

MST é aquele senhor que não tem nada de se queixar mas queixa-se na mesma.
É um menino da mamã, copinho de leite, que tem emprego garantido porque é mau e rancoroso e tem a mamã famosa, a quem dão tempo de antena porque é tendencioso e diz umas larachas polémicas (e todos sabemos que o polémico vende.

Volto hoje a fazer algo que não faço há muito tempo. Vou pegar num textinho que me chegou por email e vou comentando.

Miguel Sousa Tavares - Sublime! (Leitura obrigatória)
(Começamos logo pelo rótulo “Sublime” e a recomendação “leitura obrigatória” que me dão a saber que há quem aprecie e que talvez eu seja realmente um ET por não gostar ou concordar com as visões e opiniões de MST).
Segunda-feira passada, a meio da tarde, faço a A-6, em direcção a Espanha e na companhia de uma amiga estrangeira (Olha! A amiga estrangeira não tem nome? Vá, diz lá. Chama-se Maité. Aquela que indignou tanta gente porque disse umas coisas terríveis sobre Portugal e a sua História e porque “cuspiu” num monumento nacional. Todos sabemos que isso de não saber História de Portugal e cuspir em todo o lado é exclusivo de quem cá nasceu!); quarta-feira de manhã, refaço o mesmo percurso, em sentido inverso, rumo a Lisboa. Tanto para lá como para cá, é uma auto-estrada luxuosa e fantasma. Em contrapartida, numa breve incursão pela estrada nacional, entre Arraiolos e Borba, vamos encontrar um trânsito cerrado, composto esmagadoramente por camiões de mercadorias espanhóis. Vinda de um país onde as auto-estradas estão sempre cheias, ela está espantada com o que vê:
- É sempre assim, esta auto-estrada?
- Assim, como?
- Deserta, magnífica, sem trânsito?
- É, é sempre assim.
(Ficamos a saber que o MST costuma fazer muitas vezes o percurso referido. Provavelmente tem de ganhar a vida a conduzir camiões de mercadorias espanhóis)
- Todos os dias?
- Todos, menos ao domingo, que sempre tem mais gente.
(e assim sabemos que o MST conduz o seu camião até ao domingo. Alguém tem de meter comida na mesa lá em casa!)
- Mas, se não há trânsito, porque a fizeram?
- Porque havia dinheiro para gastar dos Fundos Europeus, e porque diziam que o desenvolvimento era isto.
(É uma boa explicação. Mais ou menos semelhante àquela que darão ao facto do MST ser um comentador de actualidade e de desporto em órgãos de comunicação nacionais. Porque afinal há dinheiro para esbanjar. Contratar quem procura emprego é complicado porque não há dinheiro, mas pagar a certas pessoas para irem dar o bitaite já tem orçamento disponível)
- E têm mais auto-estradas destas?
- Várias e ainda temos outras em construção: só de Lisboa para o Porto, vamos ficar com três. Entre S. Paulo e o Rio de Janeiro, por exemplo, não há nenhuma: só uns quilómetros à saída de S. Paulo e outros à chegada ao Rio. Nós vamos ter três entre o Porto e Lisboa: é a aposta no automóvel, na poupança de energia, nos acordos de Quioto, etc. - respondi, rindo-me.
(O MST dedica-se à observação na área dos transportes, deslocando-se ao Brasil para aferir o número de quilómetros de auto-estradas existentes num país de referência no que diz respeito a vias terrestres. Ó MST, a viagem de autocarro entre Salvador e o Vila Velha(ES) oferece umas fantásticas horas de passeio em caminhos de cabras. Possivelmente algo a reter e a recomendar.)
- E, já agora, porque é que a auto-estrada está deserta e a estrada nacional está cheia de camiões?
- Porque assim não pagam portagem.
- E porque são quase todos espanhóis?
- Vêm trazer-nos comida.
(Claro. Todos os camiões espanhóis trazem comida. Aliás, pelo MST ficamos a saber que os camionistas espanhóis se dedicam exclusivamente à exportação de alimentos. Pelo menos para Portugal. Também há uns que transportam outros produtos mas seguem para a fronteira com França.)
- Mas vocês não têm agricultura?
- Não: a Europa paga-nos para não ter. E os nossos agricultores dizem que produzir não é rentável.
(Claro. Diria mesmo que conheço alguns mineiros na aldeia dos meus avós. Sim, porque em Portugal não há agricultura. Mas há extracção de minérios raros como a cenoura e o nabo ou a cebola. Também há alguns apicultores lá na aldeia, só que não tendo abelhas tratam dos olivais, dos pomares, dos pinhais, das vinhas…)
- Mas para os espanhóis é?
- Pelos vistos... Ela ficou a pensar um pouco e voltou à carga:
- Mas porque não investem antes no comboio?
- Investimos, mas não resultou.
- Não resultou, como?
- Houve aí uns experts que gastaram uma fortuna a modernizar a linha Lisboa-Porto, com comboios pendulares e tudo, mas não resultou.
- Mas porquê?
- Olha, é assim: a maior parte do tempo, o comboio não 'pendula'; e, quando 'pendula', enjoa de morte. Não há sinal de telemóvel nem Internet, não há restaurante, há apenas um bar infecto e, de facto, o único sinal de 'modernidade' foi proibirem de fumar em qualquer espaço do comboio. Por isso, as pessoas preferem ir de carro e a companhia ferroviária do Estado perde centenas de milhões todos os anos.
(Pano para mangas! Ora, obviamente que o MST tinha de embirrar com o restaurante e com o facto de não se poder fumar. Foi ele que, há uns tempinhos, disse que incomodava mais uma criança a fazer barulho num restaurante do que o fumo do tabaco. Ah! E que os pais dele só o levaram a um restaurante quando ele tinha 13 anos. Se o MST é apologista de Quioto e do comboio, porque foi ele passear de carro? Não me digam que o senhor MST quando vai fazer turismo tem medo de não apanhar internet no comboio! Por acaso fiquei curioso com este conhecimento todo do MST à volta dos comboios portugueses. Ele sabe de camiões, de estradas, de comboios…onde vai ele buscar tempo para comentar futebol e actualidade ou para escrever magníficos romances?)
- E gastaram nisso uma fortuna?
- Gastámos. E a única coisa que se conseguiu foi tirar 25 minutos às três horas e meia que demorava a viagem há cinquenta anos...
- Estás a brincar comigo!
- Não, estou a falar a sério!
- E o que fizeram a esses incompetentes?
- Nada. Ou melhor, agora vão dar-lhes uma nova oportunidade, que é encherem o país de TGV: Porto-Lisboa, Porto-Vigo, Madrid-Lisboa... e ainda há umas ameaças de fazerem outro no Algarve e outro no Centro.
- Mas que tamanho tem Portugal, de cima a baixo?
- Do ponto mais a norte ao ponto mais a sul, 561 km.
Ela ficou a olhar para mim, sem saber se era para acreditar ou não.
- Mas, ao menos, o TGV vai directo de Lisboa ao Porto?
- Não, pára em várias estações: de cima para baixo e se a memória não me falha, pára em Aveiro, para os compensar por não arrancarmos já com o TGV deles para Salamanca; depois, pára em Coimbra para não ofender o prof. Vital Moreira, que é muito importante lá; a seguir, pára numa aldeia chamada Ota, para os compensar por não terem feito lá o novo aeroporto de Lisboa; depois, pára em Alcochete, a sul de Lisboa, onde ficará o futuro aeroporto; e, finalmente, pára em Lisboa, em duas estações.
(Claro que o MST faz sempre análise inteligentes. Custava-lhe muito dizer que ainda se andava a debater o trajecto do TGV porque havia uma série de exigências parvas. Como o MST é pouco dado a sensacionalismos e a empolar factos, resolveu pegar numa série de propostas sem sentido, juntou-as e apresentou-as como se fossem não apenas uma proposta como a proposta final e aquilo que se vai fazer.)
- Como: então o TGV vem do Norte, ultrapassa Lisboa pelo sul, e depois volta para trás e entra em Lisboa?
- Isso mesmo.
- E como entra em Lisboa?
- Por uma nova ponte que vão fazer.
- Uma ponte ferroviária?
- E rodoviária também: vai trazer mais uns vinte ou trinta mil carros todos os dias para Lisboa.
(O MST andou em boas escolas e percebe imenso sobre tudo mas nunca lhe explicaram que uma subida, quando é feita no sentido oposto é uma descida, da mesma forma que a mesma ponte por onde se entra também pode ser usada para sair. O MST passa muito tempo em engarrafamentos no seu camião de mercadorias espanhol e a andar de coimboio, nunca reparou como é caótico o transito para entrar ou sair de Lisboa pela 25 de Abril ou pela Vasco da Gama. )
- Mas isso é o caos, Lisboa já está congestionada de carros! (isto diz a “amiga estrangeira” do MST que não mora em Lisboa mas conseguiu fazer uma análise apurada do trânsito da capital. Quando se anda com um génio dá para estas coisas. Ficou contaminada pela capacidade imensa de observação, análise e interpretação do MST.)
- Pois é.
- E, então?
- Então, nada. São os especialistas que decidiram assim.
Ela ficou pensativa outra vez. Manifestamente, o assunto estava a fasciná-la.
- E, desculpa lá, esse TGV para Madrid vai ter passageiros? Se a auto-estrada está deserta... - Não, não vai ter.
(Nem passageiros nem motorista! E talvez também não tenha carruagens! Talvez seja como a A6, um fantasmas! Um comboio fantasmaaaaaaaa MWAHHHAHHHAHH! Olha MST, uma boa ideia para um livro! Com sorte ainda dá uma telenovela da TVI e depois pode ir fazer o papel de familiar de uma das personagens… Agora um pouco mais a sério, aquilo que tem dominado as conversas sobre a importância do TGV nem têm sido os passageiros mas as mercadorias. Provavelmente o MST está com medo de perder o emprego de camionista.)
- Não vai? Então, vai ser uma ruína!
- Não, é preciso distinguir: para as empresas que o vão construir e para os bancos que o vão capitalizar, vai ser um negócio fantástico! A exploração é que vai ser uma ruína - aliás, já admitida pelo Governo - porque, de facto, nem os especialistas conseguem encontrar passageiros que cheguem para o justificar.
(Claro. Porque o MST deve andar a ouvir e a ler algo diferente do que eu e talvez mais uns malucos lemos. TGV importante para transporte de pessoas e bens de e para Portugal. Que ele discutisse se entram mais ou saem mais, ainda admitia, mas o MST prefere ficar pelos exemplos tristes para dar uma imagem do país que consegue ser pior do que a real. É o caos, o drama, o horror! MST em versão Artur Albarran.)
- E quem paga os prejuízos da exploração: as empresas construtoras?
- Naaaão! Quem paga são os contribuintes! Aqui a regra é essa!
- E vocês não despedem o Governo?
(Sim, claro. É que no país da “amiga estrangeira” despedem os governos. Segundo me lembro há o caso de Fernando Collor de Mello, mas esse chegou a Presidente e resolveu que ele e a família tinham de enriquecer às custas do cargo e meteu-se num sem número de vigarices que acabou com o conhecido Impeachment. Aqui em Portugal não há nada a esse nível, embora ninguém viva na ilusão de que os nossos políticos, gestores e empresários são uns santinhos. O nosso pior lobo é um cordeirinho no país da “amiga estrangeira” do MST.)
- Talvez, mas não serve de muito: quem assinou os acordos para o TGV com Espanha foi a oposição, quando era governo...
- Que país o vosso! Mas qual é o argumento dos governos para fazerem um TGV que já sabem que vai perder dinheiro?
- Dizem que não podemos ficar fora da Rede Europeia de Alta Velocidade.
- O que é isso? Ir em TGV de Lisboa a Helsínquia?
- A Helsínquia, não, porque os países escandinavos não têm TGV.
- Como? Então, os países mais evoluídos da Europa não têm TGV e vocês têm de ter?
- É, dizem que assim entramos mais depressa na modernidade. Fizemos mais uns quilómetros de deserto rodoviário de luxo.
Até que ela pareceu lembrar-se de qualquer coisa que tinha ficado para trás:
- E esse novo aeroporto de que falaste, é o quê?
- O novo aeroporto internacional de Lisboa, do lado de lá do rio e a uns 50 quilómetros de Lisboa. - Mas vocês vão fechar este aeroporto que é um luxo, quase no centro da cidade, e fazer um novo?
- É isso mesmo. Dizem que este está saturado.
- Não me pareceu nada...
- Porque não está: cada vez tem menos voos e só este ano a TAP vai cancelar cerca de 20.000. O que está a crescer são os voos das low-cost, que, aliás, estão a liquidar a TAP.
- Mas, então, porque não fazem como se faz em todo o lado, que é deixar as companhias de linha no aeroporto principal e chutar as low-cost para um pequeno aeroporto de periferia? Não têm nenhum disponível?
Temos vários. Mas os especialistas dizem que o novo aeroporto vai ser um hub ibérico, fazendo a trasfega de todos os voos da América do Sul para a Europa: um sucesso garantido.
(Ena pá! As coisas que eu aprendo com o MST! Temos vários aeroportos? Aposto que devem estar nos terrenos onde agora não há agricultura! Eu só conheço 3 aeroportos em Portugal continental, o de Lisboa, o do Porto e o de Faro, mas pode estar a escapar-me algum que tenham feito em cima de alguma árvore e eu por vezes tenho dificuldades em ver para sítios mais altos que eu. Eu e os Aeroportos de Portugal, que também ainda não foram informados pelo MST da existência desses vários aeroportos.E também acho que faz sentido o que diz o MST. Ir de Coimbra a Faro para apanhar uma low cost é um mimo de ideia! Ou ir de Vila Real a Faro, isso sim, seria genial! Ou de Beja ao Porto! Ou, então estava a pensar em Ponta Delgada, Santa Maria, Horta ou Flores, podendo ainda escolher Funchal, Porto Santo, Faial ou Pico. Isso então era uma ideia iluminada! Aliás, os estrangeiros que vêm a Portugal, seja de férias ou de negócios iam adorar ir parar ao meio do oceano e depois podia escolher vir de avião (porque as viagens entre o continente e as regiões insulares são uma pechincha!) ou de barquinho.)
- E tu acreditas nisso?
- Eu acredito em tudo e não acredito em nada. Olha ali ao fundo: sabes o que é aquilo?
- Um lago enorme! Extraordinário!
- Não: é a barragem de Alqueva, a maior da Europa.
- Ena! Deve produzir energia para meio país!
- Praticamente zero.
- A sério? Mas, ao menos, não vos faltará água para beber!
- A água não é potável: já vem contaminada de Espanha.
(Este homem é um compêndio! Desde quando é que alguém bebe água de um rio ou de uma barragem??? Será que o discurso do MST se deve a andar a beber água de rios e riachos e outros cursos de água onde só quadrúpedes e aves costumam matar a sede? Será que ele tem conhecimento dos tratamentos a que a água que lhe sai da torneira é sujeita antes de chegar a casa do MST? É verdade que a água foi dada como tóxica, contendo pesticidas e insecticidas, mas será que ele sabe que esses produtos químicos são aplicados em diversos vegetais que nós ingerimos? E será que ele sabe que quando chegam à nossa cozinha estão em condições de serem consumidos?)
- Já não sei se estás a gozar comigo ou não, mas, se não serve para beber, serve para regar - ou nem isso?
- Servir, serve, mas vai demorar vinte ou mais anos até instalarem o perímetro de rega, porque, como te disse, aqui acredita-se que a agricultura não tem futuro: antes, porque não havia água; agora, porque há água a mais.
(Esta explicação é magnífica! Eu até acho que devia ser colocada em postais e ser vendida aos turistas! Portugal: o país onde não há agricultura, onde a agricultura não tem futuro, onde já não tinha e onde não pode haver agricultura por causa da água, seja por falta ou por excesso desta.)
- Estás a dizer-me que fizeram a maior barragem da Europa e não serve para nada?
- Vai servir para regar campos de golfe e urbanizações turísticas, que é o que nós fazemos mais e melhor.
(Mais uma explicação parva do MST. Presumo que o MST seja contra o turismo e contra o investimento em unidades que atraiam o turismo estrangeiro. Provavelmente o MST acredita que não temos mesmo agricultura e que seria a agricultura o grande gerador de riqueza! O facto de termos um país com um bom clima não é suficiente para atrair o turismo e o capital estrangeiro. É preciso haver condições. Não é porque não aprecio golfe que acho que não deve haver um investimento em empreendimentos do género. Há quem goste e normalmente são pessoas ricas que deixam aqui neste jardim à beira mar plantado uns “trocos” que ajudam a economia nacional. Às tantas o MST acha que, tal como temos vários aeroportos, também devemos ter milhares de campos de golfe pelo país…)
Apesar do sol de frente, impiedoso, ela tirou os óculos escuros e virou-se para me olhar bem de frente:
- Desculpa lá a última pergunta: vocês são doidos ou são ricos?
- Antes, éramos só doidos e fizemos algumas coisas notáveis por esse mundo fora; depois, disseram-nos que afinal éramos ricos e desatámos a fazer todas as asneiras possíveis cá dentro; em breve, voltaremos a ser pobres e enlouqueceremos de vez.
(Portanto, fomos doidos quando conseguimos a independência, quando andámos à traulitada com um exército mais poderoso para mantermos o território e a autonomia, fomos doidos quando um doido de um rei mandou plantar um pinhal imenso que depois serviu para fazer umas embarcações e meter lá uns doidos que, por acaso, “trouxeram novos mundos ao mundo”; assim como fomos doidos quando explorámos as riquezas dos países onde fomos parar e depois as esbanjámos para mostrar ao mundo a nossa grandeza; assim como depois fomos doidos ao nos metermos numa união de países europeus que nos obriga a não produzir leite, a não ir para a pesca e a estragar colheitas agrícolas mas nos dá dinheiro para os projectos mais megalómanos e inúteis… MST, já fomos pequeninos e raçudos e nisso fomos grandes e por isso surgiu Portugal; depois voltámos a ser grandes, mesmo enormes quando nos metemos nos Descobrimentos, fomos grandes e ficámos ricos. Mas como sempre isso não chegava, foi preciso mostrar ao mundo. Então resolvemos estoirar tudo. Hoje em dia, o país que em tempos foi uma grande potência mundial, aproveita os dinheiros da Europa para fazer a maior ponte, a maior barragem… Temos o péssimo hábito de acharmos que neste cantinho de terra é preciso fazer coisas enormes para mostrarmos o que valemos. Se somos doidos ou ricos? Somos e seremos um povo condicionado pela sua vaidade e pela ânsia de dar nas vistas.)
Ela voltou a colocar os óculos de sol e a recostar-se para trás no assento. E suspirou:
- Bem, uma coisa posso dizer: há poucos países tão agradáveis para viajar como Portugal! Olha-me só para esta auto-estrada sem ninguém!
(que observação inteligente! Por norma as pessoas quando vão conhecer outros países costumam achar muito agradável passear nas auto-estradas. Deve ser por isso que o Brasil não tem turistas… quase não tem auto-estradas.)

Devo dizer que, por um lado, acredito que esta conversa tenha existido, por outro, cheira-me a MST armado em Leonor Pinhão, aproveitando uma eventual conversa para depois lhe meter mais uns pozinhos e destilar o veneno do costume e dissertar à volta de um diálogo que só existiu na sua mente.

O MST tem a sorte de viver num país onde têm a sua opinião em conta, onde compram os seus livros, onde discutem os seus pontos de vista, onde é alguém considerado. Em vez de aproveitar o facto de ser ouvido e lido para dizer e escrever algo que se aproveite, algo de construtivo, resolve a cada palavra fazer mais sangue.

O país não está bom mas não está tão mal como o MST o pintou, não é calamidade que o MST descreveu.
O MST e a comunicação social preferem fintar as suas responsabilidades e agarrar-se com unhas e dentes ao verdadeiro motivo do mau serviço que andam a prestar: dinheiro.
Os jornais têm de vender, as televisões têm de ser rentáveis e, por isso, contratam MST e afins para mandarem o seu bitaite. Mesmo sabendo que muito dos se diz e escreve não vale nada, continuam a dar-lhes tempo de antena pois sabem que a polémica vende mais.

Da mesma forma que umas alarvidades ditas pelo MST são motivo de conversa durante dias ou semanas, também os escândalos lançados irresponsavelmente pela comunicação social portuguesa só contribuem para o clima de suspeição e desconfiança que se vive.
Para quando se tomarão medidas CONCRETAS? Para quando serão sancionados os agentes da justiça que são responsáveis pelas fugas ao segredo de justiça? Para quando serão criadas regras que impeçam os jornalistas de continuar a servirem de megafone de boatos a eles transmitidos por irresponsáveis? Para quando a criação de uma real consciência nas redacções que impeça o jornalismo mercenário que temos visto ultimamente que passa por cima de tudo e de todos sem olhar às mais fundamentais regras como a apuração da veracidade dos factos? Porque é que os jornalistas continuam a confiar em fontes “envenenadas”? Porque é que temos jornais, rádios e televisões com notícias de destaque perfeitamente contraditórias num curto espaço de tempo como fosse normal? Como é que a comunicação social portuguesa se desdiz quase de um dia para o outro e todos assobiam para o lado?

FOI PROFUNDO(?)

Política para quê? Políticos para quê?

Apetece-me começar este texto como o Marco do Big Brother:
Epá, se há gajos que me chateiam, pá, são os políticos.
Falam, falam, falam e não os vejo a fazer nada.

Estava a ver um post no facebook de um amigo "laranja" quando me apeteceu responder-lhe.
Mas a resposta não é para ele. A resposta é para quem manda, não é para os jotas que gostam de andar pelo país com a sua tshirt colorida com bandeirinhas e de carrinho a apitar e agitar o pano onde está a imagem do partido.
A culpa não é deles. Eles até se filiam e depois acabam por ter de andar a defender as ideias do partido como se deles fossem, mesmo quando nem concordam.

O que me causa uma certa confusão é ver o tipo de críticas que por aí aparecem, ano após ano, governo após governo:
Andamos há anos com sucessivos governos de PSD e PS que mais não fazem que acautelar o próprio futuro e o dos seus compadres. quando pinga dinheiro da comunidade e anda tudo bem, até parecem competentes, quando estala a crise e fecham a torneira, são todos uns incapazes, uns corruptos e sei lá o quê mais.
No dia em que a política passar a ter como propósito servir o país eu bato palmas.
Até lá continuamos a ver este ping pong do:
"o seu governo é uma lastima"
"mas o seu fez pior"
"mas estes números são os piores de sempre"
"mas recordo-lhe quando no ano tal vocês fizeram não sei quê".
"mas os senhores é que aprovaram uma lei não sei das quantas"
"mas essa lei vem do tempo do governo do seu partido".

Ou, mais ridículo ainda, quando se acusam de ir copiar propostas uns dos outros mas depois dizem que não concordam em nada; ou quando rejeitam as ideias adversárias mas acabam por dizer o mesmo, usando outras palavras.

É tudo farinha do mesmo saco.
Há indivíduos que estão mesmo convencidos que a política consiste na arte da retórica e da oratória, que estão convictos que justificam a sua função e salário ao mandar umas larachas e brincar com o sentido das palavras ou com as palavras dos outros; que julgam que o facto de andarem a criticar as visões dos outros já é um bom serviço, que não têm de trabalhar para encontrar soluções, alternativas.
Se tivessem vergonha na cara estavam todos calados e trabalhavam.


FOI PROFUNDO!

Dispenso...

Porque tudo o que é dito é dispensável...
Porque tudo o que é escrito é dispensável...

Este é um blog onde se fala a sério e se brinca.
Quem não goste de ironia ou sarcasmo que feche esta página rapidamente!
Aqui ninguém tem razão.
Eu não pretendo estar certo, pretendo observar e pretendo fazê-lo de uma forma atenta e crítica...de uma forma dispensável.

Dispenso...um blog dispensável.

pessoas já dispensaram um tempinho para dar uma espreitadela